Português, perguntado por 16priscilamaria, 8 meses atrás



SABRINA MARIA GONCALVES DA COSTA

MINHA PÁGINAAVALIAÇÕES E SEQUÊNCIAS DIGITAIS

Avaliações e sequências digitais

Entre as definições de exercitar nos dicionários de Língua Portuguesa está 1. Fazer adquirir força, agilidade, vigor, por meio de estudo e exercício. Mesmo que muita coisa tenha mudado nos últimos meses, incluindo a sua rotina escolar, a prática continua sendo umas das maneiras importantes de consolidar e aprimorar o conhecimento.

Por isso, aqui você encontra sequências digitais de atividades e avaliações para exercitar e testar tudo aquilo que você já aprendeu. Para realizá-las, é muito fácil: é só você ver as que estão disponíveis e clicar em Entrar naquela que quiser responder.

Atenção! Nada de perder os prazos ou esquecer que há duração para concluir as sequências digitais de atividades e as avaliações. Por essa razão, você precisa clicar em Finalizar antes do tempo se encerrar.

Ah! Se preferir, você também pode realizá-las pelo aplicativo no seu smartphone.

Preparado(a)? Responda as questões com atenção e depois veja o seu desempenho no card Seus Resultados.

Bons estudos!



14d 22:59:08


Atividade 11

Leia o texto abaixo.

 

SEM ENFEITE NENHUM

 

A mãe era desse jeito: só ia em missa das cinco, por causa de os gatos no escuro serem pardos. Cinema, só uma vez, quando passou os Milagres do padre Antônio em Urucânia. Desde aí, falava sempre, excitada nos olhos, apressada no cacoete dela de enrolar um cacho de cabelo: se eu fosse lá, quem sabe?

 

Sofria palpitação e tonteira, lembro dela caindo na beira do tanque, o vulto dobrado em arco, gente afobada em volta, cheiro de alcanfor.

 

Quando comecei a empinar as blusas com o estufadinho dos peitos, o pai  chegou pra almoçar, estudando terreno, e anunciou com a voz que fazia nessas ocasiões, meio saliente: companheiro meu tá vendendo um relogim que é uma gracinha, pulseirinha de crom', danado de bom pra do Carmo. Ela foi logo emendando: tristeza, relógio de pulso e vestido de bolér. Nem bolero ela falou direito de tanta antipatia. Foi água na fervura minha e do pai.

 

Vivia repetindo que era graça de Deus se a gente fosse tudo pra um convento e várias vezes por dia era isto: meu Jesus, misericórdia... A senhora tá triste, mãe? eu falava. Não, tou só pedindo a Deus pra ter dó de nós.

 

Tinha muito medo da morte repentina e pra se livrar dela, fazia as nove primeiras sextas-feiras, emendadas. De defunto não tinha medo, só de gente viva, conforme dizia. Agora, da perdição eterna, tinha horror, pra ela e pros outros.


[...]


Era a mulher mais difícil a mãe. Difícil, assim, de ser agradada. Gostava que eu tirasse só dez e primeiro lugar. Pra essas coisas não poupava, era pasta de primeira, caixa com doze lápis e uniforme mandado plissar. Acho mesmo que meia razão ela teve no caso do relógio, luxo bobo, pra quem só tinha um vestido de sair.


Rodeava a gente estudar e um dia falou abrupto, por causa do esforço de vencer a vergonha: me dá seus lápis de cor. Foi falando e colorindo laranjado, uma rosa geométrica: cê põe muita força no lápis, se eu tivesse seu tempo, ninguém na escola me passava, inteligência não é estudar, por exemplo falar você em vez de cê, é   tão mais bonito, é só  acostumar. Quando o coração da gente dispara e a gente fala cortado, era desse jeito que tava a voz da mãe.

 

Achava estudo a coisa mais fina e inteligente era mesmo, demais até, pensava com a maior rapidez.

 

[...]


Dia ruim foi quando o pai entestou de dar um par de sapato pra ela. Foi três vezes na loja e ela botando defeito, achando o modelo jeca, a cor regalada, achando aquilo uma desgraça e que o pai tinha era umas bobagens. Foi até ele enfezar e arrebentar com o trem, de tanta raiva e mágoa.

 

Mas sapato é sapato, pior foi com o crucifixo. O pai, voltando de cumprir promessa em Congonhas do Campo, trouxe de presente pra ela um crucifixo torneadinho, o cordão de pendurar, com bambolim nas pontas, a maior gracinha. Ela desembrulhou e falou assim: bonito, mas eu preferia mais se fosse uma cruz simples, sem enfeite nenhum.
 

Morreu sem fazer trinta e cinco anos, da morte mais agoniada, encomendando com a maior coragem: a oração dos agonizantes, reza aí pra mim, gente.


Fiquei hipnotizada, olhando a mãe. Já no caixão, tinha a cara severa de quem sente dor forte, igualzinho no dia que o João Antônio nasceu. Entrei no quarto querendo festejar e falei sem graça: a cara da senhora, parece que tá com raiva, mãe.

 

O Senhor te abençoe e te guarde,

 

Volva a ti o Seu Rosto e se compadeça de ti,

 

O Senhor te dê a Paz.

 

Esta é a bênção de São Francisco, que foi abrandando o rosto dela, descansando, descansando, até como ficou, quase entusiasmado.

 

Era raiva não. Era marca de dor.

 

Nesse texto, a história é narrada por alguém que

conheceu os personagens em outro tempo.

observou os acontecimentos.

ouviu a história contada por outra pessoa.

participou dos acontecimentos.

Soluções para a tarefa

Respondido por BN8luizotavio70
1

Resposta:

muito legal o texto

Explicação:

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