História, perguntado por Samiragem9415, 1 ano atrás

Sabendo a história do personagem Godido, criado pelo poeta João Dias e contada, sinteticamente, na página 139, selecionem alguns versos do poema que dialogam com esse personagem

Soluções para a tarefa

Respondido por RPTurolla
2

Olá!

 

O poema é questão foi escrito pela moçambicana Noémia de Souza e sugere um dialogo com o personagem do contista João Dias denominado Godido.

Godido representa o colonizado negro moçambicano. Ele é uma criança negra de 11 anos que foge de sua aldeia para que não seja abusado sexualmente por seu patrão.

Abaixo, podemos ler o poema em questão para identificarmos os momentos de dialogo:

Godido – Noémia de Souza

 

“ Dos longes do meu sertão natal,

eu desci à cidade da civilização.

Embriaguei-me de pasmo entre os astros

suspensos dos postes das ruas

e atracção das montras nuas

tomou-me a respiração.

Todo esse brilho de névoa, ténue e superficial

que envolve a capital,

me cegou e fez de mim coisa sua.

Quando cheguei,

trazia no olhar a luz verde

dos negros simples

e uma dádiva maravilhosa em cada mão.

Mas a cidade, a cidade, a cidade!

Esmagou com os pneus do seu luxo,

sem caridade,

meus pés cortados nos trilhos duros do sertão.

Encarcerou-me numa neblina quase palpável de ódio e desprezo,

e ignorando a luz verde do meu olhar,

a maravilhosa oferta

(essa estrela, esse tesouro) de cada minha mão aberta,

exigiu-me impiedosamente a abdicação

da minha qualidade intangível de ser humano!

Nas noites frias,

sem batuque, sem lua,

as estrelas continuaram brilhando, insensíveis,

através da cacimba, suspensas dos postes da rua.

Minha consolação:

Minha Mãe silenciosa oferecendo-me suas costas nuas,

mornas como sol de inverno...

minha Mãe vencendo a cacimba e a solidão

para me vir belekar,

humilde e sofredora,

com suas tocantes canções de acalentar!

Ah, mas eu não me deixei adormecer!

Levantei-me e gritei contra a noite sem lua,

sem batuque, sem nada que me falasse da minha África,

da sua beleza majestosa e natural,

sem uma única gota da sua magia!

A luz verde

incendiou-se no meu olhar

e foi fogueira vermelha na noite fria

dos revoltados

Ainda grito,

porque quero ser ainda, sempre, pela vida fora,

o que fui outrora:

Rainha nas costas de minha Mãe!

Como tu, meu irmão negro, desorientado e perdido,

na cidade cruel...

Como tu!                 

Por isso é que este meu canto ingénuo que soa banal,

traz no seu fundo mais fundo, Godido, meu irmão

a marca rubra dum selo fraternal,

constante e imortal! “

 

 

O dialogo fica muito claro nestes versos:

 

“Como tu, meu irmão negro, desorientado e perdido,

na cidade cruel...

Como tu!                 

Por isso é que este meu canto ingénuo que soa banal,

traz no seu fundo mais fundo, Godido, meu irmão

a marca rubra dum selo fraternal,

constante e imortal!”

 

Demonstrando um claro diálogo com a personagem, provavelmente a denunciar mazelas tão duras quanto as sentidas por Godido.

 

 

 





Perguntas interessantes