Sabe-se que a saliva protege a cavidade oral de duas maneiras:
1. Primeiro, evitando a colonização da boca por micro-organismos potencialmente patogênicos, por negar-lhes as condições ambientais ideais, pois muitas bactérias necessitam de um pH específico para o seu crescimento máximo.
2. Em segundo lugar, os micro-organismos da placa podem produzir ácido a partir de açúcares, os quais, não sendo rapidamente tamponados e limpos pela saliva, podem desmineralizar o esmalte.
Em um estudo clínico observou-se a capacidade tampão de dois pacientes de uma clínica odontológica, os paciente X e Y, ambos da mesma faixa etária e com hábitos alimentares e higiênicos semelhantes. Apenas com um teste rápido salivar consegue-se determinar a suscetibilidade da formação da cárie.
A determinação da CTS se faz por titulometria, medindo-se o volume de ácido láctico 0,1 mol/L necessário para baixar o pH salivar de 6,9 para 3,7 (ponto de viragem). E, assim, podemos classificar os pacientes em três grupos:
1. Pacientes resistentes à cárie dental: CTS =› 40.
2. Pacientes medianamente suscetíveis à cárie dental: CTS = 40.
3. Pacientes muito suscetíveis à cárie dental: CTS ‹= 40.
Dentro de certos limites, a CTS funciona como um índice relativo de atividade de cárie dental. No estudo foi coletado o volume de saliva de 10 mL para a determinação da CTS de ambos os pacientes participantes.
Observou-se que: A amostra do paciente X necessitou de 5 mL de ácido lático para ocorrer a viragem do ponto tamponante de pH, enquanto que o paciente Y necessitou 2,5 mL de ácido lático.
Portanto, responda:
a) Quais os tampões presentes na saliva?
b) Descreva o princípio e o método utilizado para a determinação da CTS.
c) Calcule o valor de CTS de cada paciente.
d) Classifique em qual grupo cada paciente se encaixa e qual a consequência que isto trará para a saúde bucal do mesmo
Soluções para a tarefa
Resposta:
Explicação:
a) Os tampões da saliva são: mucinato/mucina, HCO-3/H2CO3 e HPO-4/H2PO-4, que bloqueiam o excesso de ácidos e de bases conforme os mecanismos:
• Excesso de ácidos (H+): HCO-3 = H2CO3 = H2O + CO2
• Excesso de bases (HO-): HO- + H2CO3 = HCO-3 + H2O
Os tampões mucinato/mucina e monofosfato/bifosfato agem da mesma forma. Assim, o elevado poder tamponante da saliva mantém a higidez da mucosa bucal e dos dentes.
b) O conceito da CTS é a propriedade de a saliva manter o seu pH constante, a 6,9-7,0, graças aos seus tampões.
Método: A determinação da CTS se faz por titulometria, medindo-se o volume de ácido láctico 0,1 mol/L necessário para baixar o pH salivar de 6,9 a 3,7 (ponto de viragem do alaranjado de metila).
O indicador é amarelo-laranja a 6,9 e róseo a 3,7. Na prática, colocam-se 10mL de saliva num erlenmeyer, juntamente com o alaranjado de metila e verte-se, na saliva, gota a gota, o ácido láctico presente em uma bureta, até ser atingida a cor rósea (viragem do alaranjado de metila).
Fecha-se, então, a bureta e lê-se o volume de ácido láctico gasto. Para exprimir a CTS, multiplica-se por 10 o volume de ácido láctico gasto. E, assim, podemos classificar os pacientes nos três diferentes grupos.
c) Formula: CTS = V ác. (gasto na titulometria) X 10
X : CTS = 5 X 10 = 50
Y: CTS = 2,5 X 10 = 25
X: CTS = 50
Y: CTS = 25
d) Paciente X: se encontra no grupo dos pacientes resistentes à cárie dental: CTS => 40, ou seja, este paciente apresenta um ambiente bucal adequado e não suscetível à formação de cárie.
Paciente Y: se encontra no grupo dos pacientes muito suscetíveis à cárie dental: CTS <= 40. Este paciente possui o poder tamponante baixo, ou seja, a presença de pouca quantidade de H+ no meio bucal será suficiente para alteração do pH, acidificando a saliva. Este paciente terá de aprimorar e cuidar mais da sua higiene bucal.