Português, perguntado por corintiano12345, 8 meses atrás

ROMANCE DAS PALAVRAS AÉREAS Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! ai, palavras, ai, palavras, sois de vento, ides no vento, no vento que não retorna, e, em tão rápida existência, tudo se forma e transforma! Sois de vento, ides no vento, e quedais, com sorte nova! Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! todo o sentido da vida principia à vossa porta; o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois a audácia, calúnia, fúria, derrota... A liberdade das almas, ai! com letras se elabora... E dos venenos humanos sois a mais fina retorta: frágil, frágil como o vidro e mais que o aço poderosa! Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam... Detrás de grossas paredes, de leve, quem vos desfolha? Pareceis de tênue seda, sem peso de ação nem de hora... – e estais no bico das penas, – e estais na tinta que as molha, – e estais nas mãos dos juízes, – e sois o ferro que arrocha, – e sois barco para o exílio, – e sois Moçambique e Angola! Ai, palavras, ai, palavras, íeis pela estrada afora, erguendo asas muito incertas, entre verdade e galhofa, desejos do tempo inquieto, promessas que o mundo sopra... Ai, palavras, ai, palavras, mirai-vos: que sois, agora? – Acusações, sentinelas, bacamarte, algema, escolta; – o olho ardente da perfídia, a velar, na noite morta; – a umidade dos presídios, – a solidão pavorosa; – duro ferro de perguntas, com sangue em cada resposta; – e a sentença que caminha, – e a esperança que não volta, – e o coração que vacila, – e o castigo que galopa... Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! Perdão podíeis ter sido! – sois madeira que se corta, – sois vinte degraus de escada, – sois um pedaço de corda... – sois povo pelas janelas, cortejo, bandeiras, tropa... Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! Éreis um sopro na aragem... – sois um homem que se enforca! MEIRELLES, Cecília. Obra Poética. 2 ed. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1967, p.560-561.


1. O poema trata do poder da palavra. Estruturado com antíteses o texto mostra que a palavra encerra poderes contraditórios, pode libertar o homem ou oprimi-lo, destruí-lo. Aponte os termos que indicam o poder genérico da palavra, sem especificar se esse poder é destruidor ou libertador. (são três) *
2. O texto contém elementos que indicam o poder criador (libertador) da palavra e elementos que mostram seu poder destruidor (opressor). Com base nessa constatação determine a oposição básica do texto. * 2 pontos a). guerra x paz b). animal x vegetal c).amor x ódio d). vida x morte
3. No encadeamento do texto, afirma-se um dos termos da oposição básica, nega-se este termo e afirma-se outro. Considerando que o último verso (“Sois um homem que se enforca”) é uma afirmação da morte, qual o termo negado? Observe que a morte substituiu o sopro de aragem que a palavra representava (“Éreis um sopro de aragem...”).

Soluções para a tarefa

Respondido por GBCP31
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Resposta:

1) Tudo se forma e transforma. Sois o sonho e sois a audácia, calúnia, fúria, derrota. Frágil como o vidro e mais que o aço poderosa.

2) d

3)Nega a vida que a palavra representava.

Explicação:

Não tenho certeza se as respostas estão certas, mas eu marcaria essas.

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