RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles
O ESPELHO
E como eu passasse por diante do espelho
não vi meu quarto com as suas estantes
nem este meu rosto
onde escorre o tempo.
Vi primeiro uns retratos na parede:
janelas onde olham avós hirsutos
e as vovozinhas de saia-balão
Como pára-quedistas às avessas que subissem do
fundo do tempo.
O relógio marcava a hora
mas não dizia o dia. O Tempo,
desconcertado,
estava parado.
Sim, estava parado
Em cima do telhado...
Como um catavento que perdeu as asas!
Mario Quintana
A reprodução do texto respeitou a forma original da escrita de algumas palavras, sem alterar a poesia de Mário Quintana)
112) Ao longo da literatura, muitos poetas usaram o objeto espelho como matéria essencial para sua criação poética.
Porém, a partir da leitura de “Retrato”, de Cecília Meireles, podemos perceber uma troca proposital do termo espelho
para retrato, pois:
a) O “eu poético” revive toda a sua infância diante dos últimos momentos de vida ao olhar para um retrato.
b) A palavra retrato representa a imagem que o “eu poético” vê no espelho: uma imagem estática e sem vida.
c) A poetisa compara retrato e espelho na própria poesia, utilizando adjetivos.
d) O espelho representa apenas uma parte da vida da poetisa, sendo frio e sem qualquer expressão.
e) O “eu poético” mostra-se indiferente à imagem refletida, como quem olha um retrato sem qualquer importância.
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b) A palavra retrato representa a imagem que o “eu poético” vê no espelho: uma imagem estática e sem vida. Pois durante o texto todo ela faz comparações, ressaltando de maneira negativa como ela se vê no espelho atualmente.
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