resumo sobre o corpo nu
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Há algo na nudez que incomoda. Um corpo nu é um corpo vulnerável, exposto ao frio e à chuva e ao calor e ao vento e – o mais assustador – aos olhares dos outros.
Sem as roupas, que são proteção, mas sobretudo linguagem (ainda que inconscientemente, a gente se comunica através dos pedaços de pano que nos revestem), o corpo nu esfrega em nossas caras o fato de que somos carne e pelos, não muito diferente de outros animais.
É como tirar de uma mensagem os floreios, o estilo, as correções e deixar só a verdade. E como é constrangedor lidar com a verdade.
Em nosso mundo, aprendemos a lidar com isso escondendo e explorando.
Usar roupas que disfarçam ou prendem ou qualquer coisa que o faça parecer menos corpo, que corrijam o que disseram que está errado, que sejam adequadas para o que disseram que alguém com nosso corpo precise usar.
É preciso esconder se foge ao padrão. Esconder se é maior, ou se funciona de uma forma diferente, ou se é de outra cor, ou se envelhece, ou se falta alguma parte. Esconder se parece que pertence a algo vivo em vez de algo que estaria numa revista.
Esconder para amenizar as diferenças, esconder porque não pertence a nós, esconder porque só pode ser usado de uma forma.
A nudez hoje é produto. Tem padrão de qualidade, embalagem e preço. Revestiram de significado sexual porque é lucrativo – e também para tornar mais suportável encarar um corpo nu. Revestiram de apelo sexual para que possamos desviar o olhar da nossa própria mortalidade, animalidade, vulnerabilidade.
Uma nudez que é roupa, que é maquiagem (e que portanto pode ser vendida, explorada); uma nudez que faz tudo para não ser corpo e tudo para ser um pouco de lucro. Propriedade.
O corpo nu é terrível. É a fragilidade de um recém-nascido, exposto para um mundo cheio de perigos dispondo de nada mais do que sua pele. É a incômoda afirmação de que somos diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais. É o frio, é a sensação de que falta algo, é o lembrete de que somos mais do que um corpo.
Claro que isso seria ofensivo, perturbador, inconveniente.
A nudez não perdoa, ainda que ela seja despedaçada, domada e vestida. Porque mesmo se tudo o que estiver exposto for uma pequena fração de corpo, a nudez estará lá, nos assombrando com sua presença, constrangendo olhares com aquela incômoda incerteza: a que parte do corpo pertence essa dobra? Esta pele pertence a um corpo nu ou vestido?
É assustador o corpo nu porque ele está por toda a parte. O mais apavorante é que ele está aqui. Morando debaixo de nossas próprias roupas.
Sem as roupas, que são proteção, mas sobretudo linguagem (ainda que inconscientemente, a gente se comunica através dos pedaços de pano que nos revestem), o corpo nu esfrega em nossas caras o fato de que somos carne e pelos, não muito diferente de outros animais.
É como tirar de uma mensagem os floreios, o estilo, as correções e deixar só a verdade. E como é constrangedor lidar com a verdade.
Em nosso mundo, aprendemos a lidar com isso escondendo e explorando.
Usar roupas que disfarçam ou prendem ou qualquer coisa que o faça parecer menos corpo, que corrijam o que disseram que está errado, que sejam adequadas para o que disseram que alguém com nosso corpo precise usar.
É preciso esconder se foge ao padrão. Esconder se é maior, ou se funciona de uma forma diferente, ou se é de outra cor, ou se envelhece, ou se falta alguma parte. Esconder se parece que pertence a algo vivo em vez de algo que estaria numa revista.
Esconder para amenizar as diferenças, esconder porque não pertence a nós, esconder porque só pode ser usado de uma forma.
A nudez hoje é produto. Tem padrão de qualidade, embalagem e preço. Revestiram de significado sexual porque é lucrativo – e também para tornar mais suportável encarar um corpo nu. Revestiram de apelo sexual para que possamos desviar o olhar da nossa própria mortalidade, animalidade, vulnerabilidade.
Uma nudez que é roupa, que é maquiagem (e que portanto pode ser vendida, explorada); uma nudez que faz tudo para não ser corpo e tudo para ser um pouco de lucro. Propriedade.
O corpo nu é terrível. É a fragilidade de um recém-nascido, exposto para um mundo cheio de perigos dispondo de nada mais do que sua pele. É a incômoda afirmação de que somos diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais. É o frio, é a sensação de que falta algo, é o lembrete de que somos mais do que um corpo.
Claro que isso seria ofensivo, perturbador, inconveniente.
A nudez não perdoa, ainda que ela seja despedaçada, domada e vestida. Porque mesmo se tudo o que estiver exposto for uma pequena fração de corpo, a nudez estará lá, nos assombrando com sua presença, constrangendo olhares com aquela incômoda incerteza: a que parte do corpo pertence essa dobra? Esta pele pertence a um corpo nu ou vestido?
É assustador o corpo nu porque ele está por toda a parte. O mais apavorante é que ele está aqui. Morando debaixo de nossas próprias roupas.
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