Resumo (em poucas palavras, porém completo) do livro filho eterno
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Cristovão Tezza é um dos mais conceituados escritores brasileiros contemporâneos e O FILHO ETERNO é uma prova disso. O livro é um corajoso relato autobiográfico, narrado em terceira pessoa.
Na sala de espera, entre um cigarro e outro, o protagonista está prestes a ter seu primeiro filho. Ao ver o médico, ele pergunta se está tudo bem, mas não tem dúvidas da resposta positiva. Em sua cabeça, já imagina o filho com cinco anos, a cara dele.
Enquanto ainda tenta se acostumar com a novidade de ter se tornado pai, ele tem que se habituar com outra ideia: seria pai de uma criança com síndrome de Down. A notícia o desnorteia e provoca uma enxurrada de emoções contraditórias. “Um filho é a ideia de um filho; uma mulher é a ideia de uma mulher. Às vezes as coisas coincidem com a ideia que fazemos dela, às vezes não.”
Em O FILHO ETERNO, Tezza expõe as dificuldades, inúmeras, e as saborosas pequenas vitórias de criar um filho com síndrome de Down. Aproveita as questões que aparecem pelo caminho nestes 26 anos de seu filho Felipe para reordenar sua própria vida.
A primeira coisa que me chamou a atenção é que embora a história seja contada em 3ª pessoa ela tem um imenso caráter autobiográfico. E não é que é mesmo? Claro, o Tezza nega veementemente tal constatação, mas não podemos deixar de perceber uma espécie de acerto de contas entre ele e o filho ao longo dessas 224 páginas. A segunda coisa que reparei é que os personagens não têm nome próprio, são chamados de “mãe”, “pai”, “irmã”. Com a exceção de Felipe, o filho. Não deixo de pensar que dessa forma o autor imaginou desassociar o caráter autobiográfico, porém sem muito sucesso. Já comecei a leitura ressabiada, sabendo que o cara não iria aceitar o filho. Mas foi chocante algumas passagens do livro.
Quando Felipe nasce e o médico declara que ele é portador da Síndrome, o pai começa a ter pensamentos recheados de egoísmo e crueldade de que nada seria mais agradável do que o filho ter alguma complicação e morresse… Opa, mas o que é isso? Sei que na época a síndrome era conhecida como “Mongolismo”, que as pessoas não a recebiam bem e tal, mas um pai renegar um filho a esse ponto me doeu o coração. Ele pensou muito em abandonar a esposa e apagar essa passagem da vida dele, mais covardia, mais egoísmo… Incrível o quanto escrever pode nos fazer pôr para fora nossas piores passagens da vida, nossos lados mais obscuros.
Uma boa parte da história passa com o pai acreditando que o filho não tem problema algum, nega tudo, se ilude. Muitas páginas são dedicadas a suas memórias de antes de casar, como quando foi para a Europa com uma mão na frente e outra atrás. Dessa parte eu gosto, fala bastante de como é a vida de um imigrante lá. Com o tempo a ficha do cara vai caindo, principalmente quando a diretora da escola do Felipe diz que ele precisará se mudar para uma escola especifica para crianças como ele. O pai fica arrasado. Nesse meio tempo a esposa engravida novamente e surge o pânico de que o bebê seja como o irmão.
E finalmente vem a aceitação. E o desejo do pai de se aproximar do filho, de ensinar-lhe alguma coisa. Como ele é professor e escritor, tenta se aproximar de Felipe pelas letras, literatura (atenção estudantes, isso foi questão de vestibular da UFRGS em 2013!), porém é de futebol que o garoto gosta.
A impressão que eu tive da leitura, o que eu senti mesmo é que o ser humano pode ser uma pessoa muito mesquinha, muito egoísta. Não sou ninguém para julgar, claro, mas acreditava que filhos, ainda mais planejados, fossem a coisa mais importante para os pais. Vejo nesse sujeito, sendo ou não o autor de fato, alguém preguiçoso, dependente da mulher, que passa fantasiando que vai ser um escritor de sucesso, mas que não se esforça sequer para escrever algo de bom. Alguém que desejou todo o mal para seu próprio filho só por não querer ser visto como pai de um “mongol”, e quando finalmente o aceitou com seu problema, ainda assim tentou moldá-lo a seu gosto. Mais uma vez, não estou aqui para julgar ninguém, tampouco um personagem de livro. Mas quem aqui lê apenas com a mente, sem envolver o coração, que atire a primeira pedra.
Na sala de espera, entre um cigarro e outro, o protagonista está prestes a ter seu primeiro filho. Ao ver o médico, ele pergunta se está tudo bem, mas não tem dúvidas da resposta positiva. Em sua cabeça, já imagina o filho com cinco anos, a cara dele.
Enquanto ainda tenta se acostumar com a novidade de ter se tornado pai, ele tem que se habituar com outra ideia: seria pai de uma criança com síndrome de Down. A notícia o desnorteia e provoca uma enxurrada de emoções contraditórias. “Um filho é a ideia de um filho; uma mulher é a ideia de uma mulher. Às vezes as coisas coincidem com a ideia que fazemos dela, às vezes não.”
Em O FILHO ETERNO, Tezza expõe as dificuldades, inúmeras, e as saborosas pequenas vitórias de criar um filho com síndrome de Down. Aproveita as questões que aparecem pelo caminho nestes 26 anos de seu filho Felipe para reordenar sua própria vida.
A primeira coisa que me chamou a atenção é que embora a história seja contada em 3ª pessoa ela tem um imenso caráter autobiográfico. E não é que é mesmo? Claro, o Tezza nega veementemente tal constatação, mas não podemos deixar de perceber uma espécie de acerto de contas entre ele e o filho ao longo dessas 224 páginas. A segunda coisa que reparei é que os personagens não têm nome próprio, são chamados de “mãe”, “pai”, “irmã”. Com a exceção de Felipe, o filho. Não deixo de pensar que dessa forma o autor imaginou desassociar o caráter autobiográfico, porém sem muito sucesso. Já comecei a leitura ressabiada, sabendo que o cara não iria aceitar o filho. Mas foi chocante algumas passagens do livro.
Quando Felipe nasce e o médico declara que ele é portador da Síndrome, o pai começa a ter pensamentos recheados de egoísmo e crueldade de que nada seria mais agradável do que o filho ter alguma complicação e morresse… Opa, mas o que é isso? Sei que na época a síndrome era conhecida como “Mongolismo”, que as pessoas não a recebiam bem e tal, mas um pai renegar um filho a esse ponto me doeu o coração. Ele pensou muito em abandonar a esposa e apagar essa passagem da vida dele, mais covardia, mais egoísmo… Incrível o quanto escrever pode nos fazer pôr para fora nossas piores passagens da vida, nossos lados mais obscuros.
Uma boa parte da história passa com o pai acreditando que o filho não tem problema algum, nega tudo, se ilude. Muitas páginas são dedicadas a suas memórias de antes de casar, como quando foi para a Europa com uma mão na frente e outra atrás. Dessa parte eu gosto, fala bastante de como é a vida de um imigrante lá. Com o tempo a ficha do cara vai caindo, principalmente quando a diretora da escola do Felipe diz que ele precisará se mudar para uma escola especifica para crianças como ele. O pai fica arrasado. Nesse meio tempo a esposa engravida novamente e surge o pânico de que o bebê seja como o irmão.
E finalmente vem a aceitação. E o desejo do pai de se aproximar do filho, de ensinar-lhe alguma coisa. Como ele é professor e escritor, tenta se aproximar de Felipe pelas letras, literatura (atenção estudantes, isso foi questão de vestibular da UFRGS em 2013!), porém é de futebol que o garoto gosta.
A impressão que eu tive da leitura, o que eu senti mesmo é que o ser humano pode ser uma pessoa muito mesquinha, muito egoísta. Não sou ninguém para julgar, claro, mas acreditava que filhos, ainda mais planejados, fossem a coisa mais importante para os pais. Vejo nesse sujeito, sendo ou não o autor de fato, alguém preguiçoso, dependente da mulher, que passa fantasiando que vai ser um escritor de sucesso, mas que não se esforça sequer para escrever algo de bom. Alguém que desejou todo o mal para seu próprio filho só por não querer ser visto como pai de um “mongol”, e quando finalmente o aceitou com seu problema, ainda assim tentou moldá-lo a seu gosto. Mais uma vez, não estou aqui para julgar ninguém, tampouco um personagem de livro. Mas quem aqui lê apenas com a mente, sem envolver o coração, que atire a primeira pedra.
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