resumo do livro Cidade moderna
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Resumo
Brasília é tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade, mas basicamente quanto a
aspectos de configuração urbana. São poucos os edifícios tombados individualmente. Isso
tem facultado modificações nas fachadas de blocos de apartamentos da arquitetura moderna
clássica dos anos 1960. São cosméticas, mediante novas texturas e cores, ou mais pesadas,
pela abertura de janelas onde antes havia empenas cegas. Este ensaio interpreta as mudanças
como parte de uma transformação paradigmática na configuração dos espaços das cidades,
pelas quais se revaloriza o âmbito público. Traça um rápido percurso das mutações operadas
nas relações público x privado desde os primórdios da cidade industrial e mostra como a
tendência foi uma erosão do espaço para a vida pública. Ao tornarem-se isolados, os edifícios
deixam de definir a cidade apenas por suas fachadas principais \u2013 rostos \u2013 e passam a exibir
laterais e fundos \u2013 ombros e costas. A excepcionalidade de um edifício isolado \u2013 p.ex. uma
catedral \u2013 torna-se a regra para qualquer prédio. A tendência implica opacidade e fechamen-
to crescente das superfícies edilícias que definem o espaço aberto das cidades. A crítica da
arquitetura moderna intensifica-se a partir do final dos anos 1950 e início dos 1960 e um dos
focos importantes da crítica está nesta relação. Aqui, interpreta-se as mudanças menos como
manifestação de um suposto mau gosto dominante e mais como uma reação à configuração
cada vez menos aceitável de um espaço público pobre.
Palavras-chave: Brasília, urbanismo moderno, espaço público, configuração urbana