resumo do conto O único assassinato de Cazuza de Lima Barreto
Soluções para a tarefa
Respondido por
31
ILEGALIZADO BRANDÃO, conhecido familiarmente por Cazuza. tinha chegado aos seus cinquenta
anos e poucos, desesperançado; mas não desesperado. Depois de violentas crises de desespero, rancor e despeito,diante das injustiças, que tinha sofrido em todas as coisas nobres que tentara na vida, viera-lhe uma be-atitude desanto e uma calma grave de quem se prepara para a morte.Tudo tentara e em tudo mais ou menos falhara. Tentara formar-se, foi reprovado; tentara ofuncionalismo, foi sempre preterido por colegas inferiores em tudo a ele, mesmo no burocracia; fizeraliteratura e se, de todo, não falhou, foi devido à audácia de que se revestiu, audácia de quem " queimou os seusnavios". Assim mesmo, todas as picuinhas lhe eram feitas. As vezes, julgavam-no inferior a certo outro, porquenão tinha pasta de marroquino; outras vezes tinham-no por inferior a determinado " antologista" , porquesemelhante autor havia, quando " encostado" ao Consulado do Brasil, em Paris, recebido como presente do Sião,uma bengala de legítimo junco da Índia. Por essas do rei e outras ele se aborreceu e resolveu retirar-se da liça.Com alguma renda, tendo uma pequena casa, num subúrbio afastado, afundou-se nela, aos quarenta e cinco anos,para nunca mais ver o mundo, como o herói de Jules Verne, no seu "Náutilus". Comprou os seus últimos livros enunca mais apareceu na Rua do Ouvidor. Não se arrependeu nunca de sua independência e da sua honestidadeintelectual.Ao cinqüenta e três anos, não tinha mais um parente próximo junto de si. Vivia, por assim dizer, só,tendo somente a seu lado um casal de pretos velhos, aos quais ele sustentava e dava, ainda por cima, algumdinheiro mensalmente.A sua vida, nos dias de semana, decorria assim: pela manhã, tomava café e ia até a venda, que supria asua casa, ler os jornais sem deixar de servir-se, com moderação. de alguns cálices de parati, de que infelizmenteabusara na mocidade. Voltava para a casa, almoçava e lia os seus livros, porque acumulara uma pequenabiblioteca de mais de mil volumes. Quando se cansava, dormia. Jantava e, se fazia bom tempo, passeava a esmopelos arredores, tão alheio e soturno que não perturbava nem um namoro que viesse a topar.Aos domingos, porém, esse seu viver se quebrava. Ele fazia uma visita, uma única e sempre a mesma.Era também a um desalentado amigo seu. Médico, de real capacidade, nunca o quiseram reconhecer porque eleescrevia "propositalmente" e não "propositadamente", "de súbito" e não - "às súbitas", etc., etc.Tinham sido colegas de preparatórios e, muito íntimos, dispensavam-se de usar confidências mútuas.Um entendia o outro, somente pelo olhar.Pelos domingos, como já foi dito, era costume de Hildebrando ir, logo pela manhã, após o café, à casa
amigo, que ficava próximo, ler lá os jornais e tomar parte no " jantado", da família
anos e poucos, desesperançado; mas não desesperado. Depois de violentas crises de desespero, rancor e despeito,diante das injustiças, que tinha sofrido em todas as coisas nobres que tentara na vida, viera-lhe uma be-atitude desanto e uma calma grave de quem se prepara para a morte.Tudo tentara e em tudo mais ou menos falhara. Tentara formar-se, foi reprovado; tentara ofuncionalismo, foi sempre preterido por colegas inferiores em tudo a ele, mesmo no burocracia; fizeraliteratura e se, de todo, não falhou, foi devido à audácia de que se revestiu, audácia de quem " queimou os seusnavios". Assim mesmo, todas as picuinhas lhe eram feitas. As vezes, julgavam-no inferior a certo outro, porquenão tinha pasta de marroquino; outras vezes tinham-no por inferior a determinado " antologista" , porquesemelhante autor havia, quando " encostado" ao Consulado do Brasil, em Paris, recebido como presente do Sião,uma bengala de legítimo junco da Índia. Por essas do rei e outras ele se aborreceu e resolveu retirar-se da liça.Com alguma renda, tendo uma pequena casa, num subúrbio afastado, afundou-se nela, aos quarenta e cinco anos,para nunca mais ver o mundo, como o herói de Jules Verne, no seu "Náutilus". Comprou os seus últimos livros enunca mais apareceu na Rua do Ouvidor. Não se arrependeu nunca de sua independência e da sua honestidadeintelectual.Ao cinqüenta e três anos, não tinha mais um parente próximo junto de si. Vivia, por assim dizer, só,tendo somente a seu lado um casal de pretos velhos, aos quais ele sustentava e dava, ainda por cima, algumdinheiro mensalmente.A sua vida, nos dias de semana, decorria assim: pela manhã, tomava café e ia até a venda, que supria asua casa, ler os jornais sem deixar de servir-se, com moderação. de alguns cálices de parati, de que infelizmenteabusara na mocidade. Voltava para a casa, almoçava e lia os seus livros, porque acumulara uma pequenabiblioteca de mais de mil volumes. Quando se cansava, dormia. Jantava e, se fazia bom tempo, passeava a esmopelos arredores, tão alheio e soturno que não perturbava nem um namoro que viesse a topar.Aos domingos, porém, esse seu viver se quebrava. Ele fazia uma visita, uma única e sempre a mesma.Era também a um desalentado amigo seu. Médico, de real capacidade, nunca o quiseram reconhecer porque eleescrevia "propositalmente" e não "propositadamente", "de súbito" e não - "às súbitas", etc., etc.Tinham sido colegas de preparatórios e, muito íntimos, dispensavam-se de usar confidências mútuas.Um entendia o outro, somente pelo olhar.Pelos domingos, como já foi dito, era costume de Hildebrando ir, logo pela manhã, após o café, à casa
amigo, que ficava próximo, ler lá os jornais e tomar parte no " jantado", da família
Respondido por
17
O conto O Único Assassinato de Cazuza de autoria de Afonso Henriques de Lima Barreto conta a história de Hildegardo Brandão, conhecido popularmente por Cazuza. Cazuza chegava aos 50 anos e poucos e se encontrava sem esperança, mas não totalmente desmotivado.
Passando por diversas crises de ansiedade e também de desespero, devido às injustiças que tinha sofrido em sua vida. Já tinha sido reprovado ou falhara em quase tudo que tinha se proposto a fazer e após uma conversa com um conhecido decidiu encarar os problemas da vida.
Bons estudos!
Perguntas interessantes
Geografia,
10 meses atrás
Geografia,
10 meses atrás
História,
10 meses atrás
Matemática,
1 ano atrás
Geografia,
1 ano atrás
Matemática,
1 ano atrás
Matemática,
1 ano atrás