Resumo do conto “A Escrava”
É uma narrativa curta que possui por volta de vinte páginas, publicada
originalmente em 1887, na Revista Maranhense, periódico que circulou no
Maranhão e com o qual Firmina colaborou em seu segundo e terceiro números.
O conto se passa em um salão com pessoas “da sociedade” discutindo diversos
temas até que se inicia um debate sobre o “elemento servil”. Neste momento, a
personagem “uma senhora” entra em cena, toma a palavra e passa a centralizar a
discussão, tornando-se a narradora da trágica história da personagem Joana, uma
escrava em fuga. Joana foi uma escrava libertada aos cinco anos de idade e, após
dois anos de vivência como liberta, foi reescravizada. Indignada, fugia
constantemente. Após muitos anos de violência, a personagem enlouquece,
principalmente depois da separação dos filhos – seus filhos gêmeos, de oito anos,
Carlos e Urbano – que foram vendidos no tráfico interprovincial e levados para o
Rio de Janeiro. Em sua última fuga, essa “uma senhora” a auxilia escondendo-a do
feitor, até que chega Gabriel, seu outro filho, que também está em sua
procura. Essa “senhora” lhes oferece proteção e os leva para sua casa e quando
questiona Gabriel sobre a história da mãe, Joana interrompe a conversa e mesmo
fraca e já à beira da morte insiste, “não. Eu mesma. Ainda posso falar. E começou”.
É a partir desse lugar que Joana narrará – em primeira pessoa – as memórias de
sua vida por meio de cenas de escravidão e revelará os projetos que perseguiu
durante sua trajetória. Com este recurso, Joana passa a ser a protagonista da história
narrada pela protagonista anônima (“uma senhora”) do conto.
Ao procurar contar sua história, a mestiça inicia sua fala afirmando uma
condição: “- Minha mãe era africana, meu pai de raça índia, mas eu de cor
fusca. Era livre, minha mãe era escrava.” Com Firmina, temos duas personagens
escravizadas, Joana do conto de 1887 e Susana do romance de 1859, que narram
suas memórias a partir da noção de liberdade, e ao fazê-lo, inscrevem-se como
personagens que representam a pessoa negra enquanto sujeito autônomo na
literatura brasileira oitocentista, dando partida a um processo que acabaria por
alçá-las à condição de sujeitos do discurso no campo do poder literário brasileiro
no século XIX.
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