Antonio Conselheiro,como era chamado o líder da Guerra de Canudos, Antonio Vicente Mendes Maciel, nascido em Quixeramobim, no Ceará, no dia 13 de Março de 1830, era filho de família tradicional da Região. Era comerciante, professor e advogado prático nos sertões de Ipu e Sobral e que após ter sido abandonado por sua esposa, passou a vagar pelos sertões nordestinos. Em l893, chegou a Canudos onde se tornou líder do arraial.Acreditava ser um enviado e contar com uma ajudinha de Deus em favor dos oprimidos, e como tal, resolver os problemas sociais dos sertanejos. Para ele, a República, era o anti-Cristo que queria profanar a Igreja Católica. Pela sua cultura religiosa, acreditava poder acabar com as diferenças sociais e segundo ele, com a violenta cobrança de impostos por parte do governo, que sufocava ainda mais seus humildes seguidores do arraial de Canudos. Antonio Conselheiro era um homem simples que formou em si, a imagem de um ermitão, com sua túnica branca, sua barba longa e seu cajado em punho tentando enfrentar a República na Guerra de Canudos.O governo Republicano acreditava estar ali, um líder do povo que tentava restabelecer a Monarquia através da Revolta dos Canudos, como também ficou conhecida a Guerra de Canudos. Talvez o grande número de adeptos de Antonio Conselheiro, em torno de 25 mil camponeses, justifique ser uma guerra e não uma simples revolta, pois na realidade, os enfrentamentos ocorridos, foram dignos de uma guerra. Quando a República instituiu o casamento civil, se estabeleceu o que eu chamo como choque de cultura entre os Canudos e os Republicanos, que com o casamento civil, apenas visavam uma organização social mais eficiente e não uma quebra de liberdade ou de liberalidade de união entre as pessoas. Juntado os fatos, impostos, separação da Igreja do Estado mais o casamento civil, se formou a resistência dos Canudos que não era a volta da Monarquia, mas de uma idéia mais pura mais simplista e sem a interferência de um governo central.Como a abolição da escravatura que havia acontecido a pouco tempo, eram muitos os ex-escravos que vagavam pelos sertões do nordeste a procura de emprego e sem opção, se juntavam ao grupo dos que ouviam os discursos de Antonio Conselheiro, o líder camponês na Guerra de Canudos. É de se salientar o enfrentamento que o exercito Republicano sofreu em suas tentativas de derrotar os Canudos, que por duas ou três vezes impuseram derrotas aos governistas que de bateram em retirada deixando centenas de mortos e armamentos que acabaram reforçando a defesa dos Canudos que passaram a se defender com essas armas. Não esqueça que Guerra de Canudos deixou bem clara a injustiça que se praticou contra aqueles humildes camponeses liderados por Antonio Conselheiro, apenas um fanático religioso vagando pelos sertões nordestinos. Por que a chacina e porque a degola de milhares de sertanejos desarmados? É uma pergunta difícil de responder. Mas ficou a dor e a vergonha de um massacre digno dos terroristas da sociedade moderna.