resenha do livro a tempo para matar
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Resposta:
determinar, de uma forma ou de outra, como o julgamento se dará. Por este motivo, creio que o primeiro livro de Grisham constitui muito mais um drama tendo como pano de fundo um julgamento, do que verdadeiramente um thriller jurídico.
É comum livros desse gênero comportarem uma certa dose de romance policial. Afinal, temos um crime que será levado a julgamento, e as investigações podem ser tão interessantes quanto o desenrolar do processo criminal. Além disso, inquéritos policiais, por melhores que sejam, dificilmente esclarecem completamente o que ocorreu. Grisham, ao criar um caso policial em que se sabe absolutamente tudo o que aconteceu (o que, diga-se de passagem, dificilmente acontece no mundo real), eliminou sua melhor chance de fazer suspense. Como já disse, entendo a opção do autor, mas ainda assim me pareceu um tiro no pé.
Não aprovei a visão maniqueísta que Grisham imbuiu em seus personagens relacionados ao mundo jurídico sobre o direito penal. Nada no direito, e muito menos no direito criminal, é preto no branco, bom ou mau, culpado ou inocente. Advogados se preocupam (ou deveriam se preocupar) em garantir que o réu tenha uma defesa justa e que as provas sejam suficientes para condenar, afastando qualquer dúvida. Os personagens de Grisham eram, a meu ver, 8 ou 80, sempre defendendo os extremos: ou tem que abolir a pena de morte ou tem que matar todo mundo.
A narrativa em terceira pessoa funcionou adequadamente, e se mostrou ideal para mostrar os inúmeros pontos de vista da estória, embora tenha exagerado, em alguns momentos, nas descrições. Infelizmente, os diálogos soaram superficiais, pois o autor utilizou a mesma voz para todos os personagens. Convenhamos que é estranho que um homem sem instrução fale exatamente igual a um homem culto.
Admito que nesta resenha a opinião do advogado sobrepôs a opinião do leitor. A estória em si é boa e admiro a coragem do autor em criar um livro em cima de discussões e não de eventos. Mas, creio que uma estória mais intrincada e com mais reviravoltas empolgaria mais o leitor, e nem por isso perderia o brilho das reflexões a que o autor se propôs.
Título: Tempo de Matar
Autor: John Grisham
Tradutor: Aulyde Soares Rodrigues
N.º de páginas: 591
Editora: Rocco