Português, perguntado por 2020vitorialima, 8 meses atrás

Resenha crítica do livro racionais sobrevivendo no inferno

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Respondido por mariabahsants
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No final de 1997, os Racionais MC's lançaram "Sobrevivendo no Inferno", quinto disco de estúdio. O álbum alcançou a marca de um 1,500,000 de cópias vendidas, apesar de ter sido lançado por uma gravadora independente.

É o primeiro trabalho dos Racionais MC’s com referências a textos bíblicos. Já na capa do disco, ilustrada por uma cruz em fundo preto, há uma frase do Salmo 23, Capítulo 3: “refrigere minha alma e guia-me pelo caminho da justiça”. Outras passagens bíblicas podem ser encontrada nas canções "Genesis" e "Capítulo 4, Versículo 3" (ambas de Mano Brown). Mas a força do álbum advém mais uma vez do impacto das letras que discutem temas ligados a desigualdades sociais, miséria e racismo. Os grandes sucessos foram "Diário de um Detento" (baseado no diário do preso Josemir Prado, mais conhecido como Jocenir, ex-detento da Presídio do Carandiru), "Fórmula Mágica da Paz" e "Mágico de Oz" (de Edi Rock). O grupo ainda fez uma homenagem ao cantor Jorge Ben-Jor, ao regravar "Jorge da Capadócia". Os arranjos musicais são simples, com uma bateria básica e alguma melodia nos teclados.

Críticas

Segundo a Revista Rolling Stone Brasil, que o ranqueou na 14ª posição da lista dos 100 melhores discos da música brasileira "Sobrevivendo no Inferno colocou o rap no topo das paradas, vendendo mais de meio milhão de cópias. A música, com sua bateria básica, alguma melodia nos teclados, e arranjos simples, vira adereço em relação ao impacto das letras. Racismo, miséria e desigualdade social — temas cutucados nos discos anteriores — são aqui expostos como uma grande ferida aberta, vide ‘Diário de um Detento’, inspirada na grande chacina do Carandiru".

No entender de Acauam Silvério de Oliveira, professor de literatura brasileira na Universidade de Pernambuco que estudou o grupo em doutorado na USP, a estrutura do álbum é como uma liturgia, pois “é organizado e pensado como uma espécie de culto. Tem a introdução, com cânticos de louvor, a leitura da Gênesis, a apresentação do pastor e os relatos de testemunhos. Depois vêm o grande relato, a atuação do diabo, e, no fim, um processo de reflexão”.

Para o sociólogo Tiaraju D’Andrea, a obra cunhou um conceito de orgulho. “Periferia passou a designar não apenas pobreza e violência, mas também cultura e potência. Esse disco é um objeto cultural incontornável. Explicou os dramas da periferia, e muitos brasileiros negros aprenderam a se reconhecer ouvindo Racionais”

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