relatório do filme o ódio que você semeia
PF é para amanhã
Soluções para a tarefa
O livro acompanha a adolescente Starr. Ela e Khalil, seu melhor amigo, saem de uma festa e são parados por uma viatura da polícia durante a noite. Starr aprendeu desde cedo como uma pessoa negra deve se comportar frente a um policial: sem movimentos bruscos, mãos onde ele possa ver. A triste realidade do que o ódio e o julgamento podem fazer por causa da cor da sua pele. Um movimento errado, uma suposição e Khalil é assassinado, deixando para trás o trauma na garota e o peso da injustiça. Starr é a única testemunha do crime, e precisa aprender a própria voz para clamar justiça antes que as investigações levem a culpa para cima do garoto.
O impacto que essa leitura trouxe é difícil de explicar. Não é um livro fácil, não é uma história simples. É a realidade nua e crua, é a ficção falando sobre o mundo em que vivemos, expondo os muitos lados dele - e um desses lados é corroído pelo ódio, pela discriminação, pelo preconceito. Starr vive a mesma realidade que muitos outros jovens. Khalil foi assassinado pela mesma realidade que a de muitos outras vítimas. A narrativa simpática e bem humorada de Angie bate de frente com os acontecimentos pesados que a trama explora, e aí está o ponto-chave do livro, o que o torna tão profundo: é verdadeiro. É verídico. Existe como tudo que aconteceu nele, como todos que viveram nele.
Starr é uma das melhores protagonistas que já li. Ela tem muita presença em cena, cheia de atitude e bom humor, dedicada à família e presente pelos amigos. É uma garota doce, gentil, enfezada e brusca. Ela vive grandes dilemas dentro da narrativa e tem alguns arcos de crescimento absurdamente bem trabalhados; Starr experimenta duas realidades todos os dias: a do seu bairro, pobre e marginalizado, mas cheio de pessoas com quem ela se importa, carregado de memórias que fizeram dela quem é, e a da sua escola, particular e elitista, onde Starr é 1 entre poucos alunos negros. Mas tudo está muito bem no dia a dia dela, conciliando a realidade da família com a da escola - onde ela é um pouco menos expressiva, com medo que as amigas e os conhecidos julguem seu comportamento como o "da garota negra que veio do gueto", certa de que se controlar e esconder alguns detalhes sobre sua casa e sua vivência não é ruim.
Aí Khalil é assassinado e toda a tormenta começa. Starr vive o medo, a tormenta, o luto e a raiva tudo em intervalos bem intercalados. Ela não pode descarregar suas emoções com as amigas da escola porque Maya e Hailey não sabem sobre o assassinato - e, quando elas descobrem, é através dos olhos do policial branco, aparentemente "injustamente" acusado. E, do lado da família, do bairro e da sua própria consciência, Starr vê sua raiva dando lugar à sede por justiça. Essa justiça pede que Starr fale, que erga sua voz, que mostre o crime e o responsável por ele, que mostre ao mundo que Khalil era só um garoto e que nada, absolutamente nada justificaria sua morte. Mas, claro, a vida não é fácil e encontrar justiça menos ainda.
Eu amei a interação da Starr com a sua família, e como eles foram o alicerce para ela encontrar sua coragem e aceitar seus medos como parte dela. Seu pai, Maverick, principalmente, foi um personagem chave para o crescimento da garota. O relacionamento deles foi tão natural e emocionante, cheio de altos e baixos, mas construído em cima de um amor incondicional que nada poderia quebrar. Sua mãe, Lisa, é o coração da família, mas também uma parte bem racional dela. Ela e o marido têm um relacionamento lindo, um elo que equilibra todos os perrengues pelos quais a Starr e os outros dois filhos passam - os irmãos da Starr, inclusive, são maravilhosos. Seven é o mais velho, o primeiro filho do Maverick e praticamente adotado pela Lisa como seu, já que a mãe está em um relacionamento perigoso e deu as costas aos filhos - e Sekani ainda é a alma inocente em toda a situação. Ele é muito ativo e cheio de comentários afiados, mas em relação à realidade que a família vive, ao pesadelo que a Starr enfrentou e vem enfrentando, ainda é ingênuo. E não dá pra deixar de citar o tio Carlos que, apesar de não dividir mais a realidade do bairro com eles, divide seu coração com todo mundo, especialmente a Starr. Ele ajudou a Lisa a criá-la e está ali pela garota nos momentos em que ela mais precisa.
Tudo que a Starr era e se tornou dentro do livro aconteceu por causa do apoio da família. Acho que foi o primeiro livro que li em que isso foi 100% trabalhado, que a família era mais do que personagens coadjuvantes ao lado da protagonista, mas parte do protagonismo dela. Chorei e ri abertamente com eles em vários momentos da trama, e com certeza me apaixonei pelo amor que saltou das páginas entre eles.
"Qual é o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio nos momentos que não deveria?"
Resposta:
o filme e uma história infelizmente conhecida em diversos cantos do mundo. Starr é uma jovem que presencia o assassinato de seu amigo Khalil por um policial que parou o veículo em que eles estavam.
Explicação: