relato de sobrevivente do holocaustro resumo
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Holandesa de origem judaica, Nanette perdeu a família no campo de concentração Bergen-Belsen, na Alemanha, onde permaneceu entre 1944 e 1945, por pouco mais de um ano.
“Eu me lembro de quando cheguei, mas não de quando saí. Quando você sofre uma subnutrição como nós sofremos, tem hora que falham as sinapses no cérebro, não tem memória”.
Seu pai morreu em novembro daquele ano, vítima de um infarto provocado pela fome, ela acredita; o irmão e a mãe foram enviados para outros campos no mês seguinte, e a partir disso a adolescente Nanette ficou sozinha.
“Deportaram meu irmão para Oranienburg [Alemanha], mas eu não sei o que aconteceu. Eu fiz pesquisa, mas não tem dados, ele deve ter sido morto quando chegaram lá (...), uma vez que Oranienburg pertencia a Sachsenhausen [campo de concentração], que tinha câmeras de gás, mas não consta o que aconteceu nesse transporte”, ela conta.
“Minha mãe foi deportada para o campo de concentração em Bendorf, e lá ela trabalhou 700 metros abaixo do solo em uma fábrica de partes de avião. E ela saiu de Bendorf de trem, em abril de 1945, com 2.000 mulheres, e esse trem não tinha destino, provavelmente chegou à Suécia, mas minha mãe morreu cinco dias depois da partida do trem. Também não sei o que foi feito com o corpo dela.”
Em abril de 1945, as tropas inglesas assumiram o campo onde Nanette estava, preparadas para uma batalha, mas não para o que lá encontraram: montes de corpos, muita gente à beira da morte, sujeira, ratos, piolhos... Foram os britânicos que deram a Bergen-Belsen o apelido de ‘Campo do Horror’.
“Tinha pilhas e mais pilhas de esqueletos, e o cheiro era insuportável, e obviamente eu, de vez em quando, pensava quando iria me juntar a eles, porque a situação era desesperadora. (...) Foi uma situação horrenda, uma coisa horrorosa, tão horrorosa que, ao contrário de Auschwitz, em Bergen-Belsen não ficou nada, depois de três semanas queimaram o campo”, ela lembra.
Nanette supõe que ali foi organizado um contingente de judeus para possíveis trocas de guerra que interessassem aos alemães. Por conta disso, foi permitido que ela mantivesse o passaporte.
Esquálida, ela foi levada pelo Exército de volta à Holanda no meio de 1945, aos 16 anos de idade.
“Em agosto de 1945, eu soube que era a única que tinha sobrevivido, que não tinha ninguém mais. Eu quase enlouqueci. Depois eu me dei conta que a vida continua, que se eu queria viver, eu tinha que assumir o que restou”, sobre o momento em que foi confirmada a morte de sua família