Relacione algumas semelhanças do lixo produzido por países do continente asiático com o Brasil.
Soluções para a tarefa
Como alguns países tratam seus resíduos
FOTO: DIERK SCHAEFER
Pátio de ferro-velho na Alemanha: 63% de todos os resíduos urbanos são reciclados e menos de 1% acaba em aterros
Campeã mundial em reciclagem e reaproveitamento
Líder mundial em tecnologias e políticas de resíduos sólidos — possui os índices de reaproveitamento mais elevados do mundo —, a Alemanha quer alcançar, até o final desta década, a recuperação completa e de alta qualidade dos resíduos sólidos urbanos, zerando a necessidade de envio aos aterros sanitários (hoje, o índice já é inferior a 1%). Desde junho de 2005, inclusive, a remessa de lixo doméstico sem tratamento ou da indústria em geral para os aterros está proibida.
Entre 2002 e 2010, o total de resíduos urbanos domésticos produzidos pela Alemanha caiu de 52,8 milhões para 49,2 milhões de toneladas. Pode não parecer uma queda acentuada, mas o importante é o destino que o país tem dado ao lixo. Em 2011, de acordo com o Eurostat, órgão de estatísticas da União Europeia, 63% de todos os resíduos urbanos foram reciclados na Alemanha (46% por reciclagem e 17% por compostagem), contra uma média continental de 25%. Se entre seus vizinhos 38% do lixo acaba em aterros sanitários, na Alemanha a taxa é virtualmente zero, graças, em grande parte, ao fato de que 8 em cada 10 quilos do lixo não reaproveitado são incinerados, gerando energia.
É uma cultura arraigada na sociedade. Em 1970, a Alemanha tinha cerca de 50 mil lixões e aterros sanitários. Hoje, são menos de 200. A cadeia produtiva de resíduos emprega mais de 250 mil pessoas. Estima-se que 13% dos produtos comprados pela indústria alemã sejam feitos a partir de matérias-primas recicladas. Várias universidades oferecem formação em gestão de resíduos, além de cursos técnicos profissionalizantes.
Para se entender os avanços ocorridos na Alemanha, é importante destacar a tradição na cobrança de taxas municipais para a coleta de lixo, desde o século 19. Outro aspecto importante é o uso de vasilhames padronizados e adequados ao acondicionamento do lixo. "Já em 1901, cerca de 75% dos lares de Berlim dispunham de vasilhames padronizados, e antes de 1851 os proprietários das casas já pagavam taxas pela remoção dos resíduos sólidos domésticos", ensina o professor Emílio Maciel Eigenheer, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no livro A Limpeza Urbana Através dos Tempos.
Estratégia completa e eficaz é marca japonesa
FOTO: IGNIS
O centro de tratamento de resíduos Maishima em Osaka, no Japão, usa o calor para geração de energia
Junto com o crescimento econômico do país, a partir da década de 1960, o Japão se viu diante do desafio de encontrar um destino para o lixo. Como a área territorial é pequena, se comparada à população — 127 milhões de pessoas vivem em 372 mil km², uma densidade de 337 hab/km², a terceira maior entre os países com grande população —, reduzir o volume de resíduos sólidos levados aos aterros é essencial.
Graças a uma série de iniciativas, algumas já com meio século, o Japão é um dos países mais avançados nesse campo. Em 1970, entrou em vigor a Lei de Gestão de Resíduos, primeiro passo em direção ao atual sistema, que envolve toda a cadeia da produção e destinação do lixo, encarada a partir dos conceitos de reduzir, reciclar e reaproveitar. O transporte foi aperfeiçoado, com um sistema de estações de transferência, onde o lixo passa de caminhões pequenos ou médios para veículos coletores maiores, após ser comprimido.
Desde 1997, as emissões de dioxinas e outros poluidores de usinas de incineração foram reduzidas em 98%. São mais de 1,2 mil plantas em atividade, a maioria adaptada ao conceito de alto controle de poluição e alta eficiência energética. Uma dessas usinas, por exemplo, fica no populoso distrito de Shibuya, em Tóquio, e processa 200 toneladas diárias de lixo, gerando energia usada na própria cidade.
Lei de 1995 incentiva a coleta seletiva e a reciclagem, o que fez o país investir em alta tecnologia também para o reaproveitamento de materiais. Garrafas pet são produzidas no Japão a partir de 100% de resina reciclada, reduzindo em 90% o uso de novos plásticos e em 60% as emissões de dióxido de carbono. A resina é usada também em material de construção, móveis, equipamentos e utensílios.
Para melhor reciclar os eletrodomésticos, o Japão dispõe de fábricas onde cada peça é desmontada e suas partes separadas, manualmente, entre plástico, metal e outros componentes.