Relacione a revolta da vacina aos costumes da época
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Resposta: No ano de 1902, o presidente da República, o paulista Rodrigues Alves, concedeu amplos poderes ao prefeito da capital federal, Pereira Passos, com fins de promover uma reforma urbana na cidade do Rio de Janeiro. As obras foram finalizadas em 1906. O principal objetivo dessas reformas era sanar os graves problemas urbanísticos (como ruas estreitas e malcheirosas e a inexistência de um sistema de esgotos) e eliminar por completo das partes centrais da cidade os cortiços.
Os políticos brasileiros estavam preocupados com a imagem internacional que a capital federal ofertava aos investidores estrangeiros e com a péssima condição sanitária vivida pela população, sempre atingida por epidemias de dengue, tuberculose e principalmente pelas epidemias de febre amarela e varíola. Assim, o governo resolveu combater as doenças que atingiam a população da cidade do Rio de Janeiro.
O médico e sanitarista Oswaldo Cruz foi encarregado de erradicar principalmente os agentes transmissores da febre amarela (mosquito Aedes aegypti) e da varíola (que se transmitia pelo contato com pessoas infectadas). No presente texto daremos ênfase à campanha de combate à varíola que desencadeou, no ano de 1904, a Revolta da Vacina, após a decisão governamental de tornar obrigatória a vacinação contra a varíola. A campanha gerou insatisfações entre as diferentes classes sociais que formavam a população citadina.
Os seguidores do positivismo foram a primeira classe social a se manifestar contrária à vacinação compulsória. Naquele período, eles integravam grande parcela da população e, para eles, a obrigatoriedade da vacina era uma violação à liberdade individual dos cidadãos, uma afronta ao Estado de direito republicano.
A população negra de origem africana representava uma grande parcela da população da capital federal. Segundo o historiador Sidney Chalhoub (1996), para a população negra, adeptos das religiões de matrizes africanas, a varíola era uma doença sagrada, que não podia ser combatida da maneira como os governantes estipularam, com a vacinação. Dentro do universo simbólico das religiões africanas, a varíola e outras doenças seriam combatidas pelo orixá Omulu.