Geografia, perguntado por isabellepbk, 11 meses atrás

Relação entre a construção da ferrovia de São Paulo, Rio Grande e a destruição das florestas do Sul?


isabellepbk: preciso esclarecimento

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Respondido por Laalah07
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Os estudos históricos e culturais em geral de regiões e cidades que remontam à colonização alemã no passado ou que foram por ela marcadas não podem ser desenvolvidos sem a consideração de suas relações com processos históricos e político-culturais na Alemanha. Estudos regionais em diferentes partes do Brasil relacionam-se, assim, com estudos alemães.  

Se várias cidades e regiões do Brasil remontantes a fluxos imigratórios do século XIX, sobretudo no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e, em menor escala, Espírito Santo, já foram alvo de estudos assim desenvolvidos, o mesmo não pode ser dito relativamente a outras regiões abertas apenas no século XX.  

Entre elas destacam-se as de São Paulo e Mato Grosso, inseridas em processo de ocupação de terras e de fundação de cidades que recebeu os seus principais impulsos na década de 30 e que foram de grandes consequências econômicas, urbanas e de graves impactos no meio ambiente.  

O estudo da presença e da ação de alemães nesse vasto território da Alta Sorocabana, tendo como eixo fluvial o Rio Paraná, apresenta-se em parte mais complexo do que aqueles das antigas colonias do Sul.  

Estabelecidas em outra época histórica, já não mais remontantes á época do antigo Império alemão, mas sim inseridas em problemático processo decorrente da derrota alemã na Primeira Guerra e caindo no período de tomada de poder dos nacionalsocialistas na Alemanha, essas colonias necessitam ser consideradas a partir de outras situações no país de origem e de um passado já relativamente longo de experiências de colonização no Brasil.  Essa diferença quanto à época e contextos manifesta-se no fato das cidades então surgidas não apresentarem de forma tão acentuada fisionomias de conotações culturais identificadoras, não estando assim em geral presentes na consciência geral como regiões marcadas pela colonização alemã.  

Pouco tem-se considerado essas relações no estudo das grandes transformações por que passou parte considerável do Estado de São Paulo à época dessa corrida expansionista a seu mais extremo Oeste da primeira metade do século XIX.  

Pouco tem-se presente que até então grandes áreas do seu território ainda encontravam-se cobertas de matas, que o Estado de São Paulo surgia assim aos olhos do estrangeiro como um Estado de florestas, que nessa época acentuou-se, portanto, não apenas um desenvolvimento econômico e urbano cuja espetacularidade é sempre lembrada e valorizada, mas sim também um questionável processo de destruição do patrimônio natural em grandes dimensões.

derrubada de florestas como elemento calculado no empreendimento colonial

Como demonstra a publicação-reclame da Cia de Viação São Paulo-Matto Grosso (Veja http://revista.brasil-europa.eu/143/Colonos-alemaes-em-SP-e-MS.html), as madeiras das florestas existentes e que iriam ser derrubadas eram vistas como importante capital a ser considerado pelos colonos. (Siedlung in Brasilien der Cia. de Viação São Paulo-Matto Grosso, São Paulo 1934)

Quanto ao valor das matas, podia-se dar apenas estimativas aproximadas, uma vez que a ocorrência de árvores variava em cada região florestal. A Companhia calculava para as florestas do território a ser povoado 25 a 80 metros cúbicos pro alqueire de madeira apta a ser cortada, delas ca. 10% de cedro, 5% de madeira dura - em particular cabreúva e ipé - e o restante de peroba. Para além do mais, havia muita madeira de lenha e aquelas que podiam ser utilizadas para dormentes.





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