REFLEXÃO
A beleza é um tema importante para os artistas e filósofos gregos. Nesta seção vamos refletir sobre o conceito de belo. Para se aprofundar um pouco na questão, leia um fragmento da introdução à História da beleza, de Umberto Eco(1932-2016),pensador e escritor nascido na Alexandria.
“Belo”- junto com “gracioso”, ”bonito” ou “sublime”, ”maravilho”, ”soberbo e expressões similares - é um adjetivo que usamos frequentemente para indicar algo que nos agrada. Parece que, nesse sentido, àquilo que é belo é igual aquilo que é bom, e de fato, em diversas épocas históricas criou-se um laço estreito entre o Belo e o Bom.
Se, no entanto, julgarmos com base em nossa experiência cotidiana, tendemos a definir como bom aquilo que não somente nos agrada, mas que também gostaríamos de ter. Infinitas são as coisas que consideramos boas: um amor correspondido, uma honesta riqueza, um quitute refinado, e em todos esses casos desejaríamos possuir tal bem. É um bem aquilo que estimula o nosso desejo. Mesmo quando consideramos boa uma ação virtuosa, gostaríamos de tê-la realizados nós mesmos, ou nos propormos a realizar uma outra tão meritória quanto aquela, incitados pelo exemplo daquilo que consideramos ser um bem.
Ou então chamamos de bom algo que é conforme a algum princípio ideal, mas que custa dor, como a morte gloriosa de um herói, a dedicação de quem trata de um leproso, o sacrifício da vida feito por um pai para salvar um filho... Nesses casos reconhecemos que a coisa é boa, mas, por egoísmo ou por temor, não gostaríamos de nos ver envolvidos em uma experiência análoga.
Reconhecemos aquela coisa como um bem, mas um bem alheio que olhamos com um certo distanciamento, embora comovidos, e sem que sejamos arrastados pelo desejo. Muitas vezes, para indicar ações virtuosas que preferimos admirar e realizar, falamos de uma “bela ação”.
Se refletirmos sobre o comportamento distante que nos permite definir como belo um bem que não suscita nosso desejo, compreendemos alguma coisa por aquilo que é, independentemente da questão de possuí-la ou não. Até mesmo um bolo de casamento bem confeccionado, quando o admiramos na virtude do confeiteiro, nos parece belo, mesmo que, por questões de saúde ou de inapetência, não o desejamos como um bem a ser adquirido. É bela alguma coisa que, se fosse nossa, nos deixaria felizes, mas que continua a sê-lo se pertence a outro alguém. Naturalmente não se considera o comportamento de quem, diante de uma coisa bela como o quadro de um grande pintor, deseja possuí-lo por orgulho de ser o possuidor, para poder contemplá-lo todo dia ou porque tem grande valor econômico. Estas formas de paixão, ciúme, desejo de possuir, inveja ou avidez, nada tem a ver com o sentimento do Belo. O sequioso que ao dar como uma fonte precipita-se para beber não lhe contempla a Beleza. Pode fazê-lo depois, uma vez satisfeito seu desejo. Por isso, o sentido da Beleza é diverso do sentido do desejo. Podemos considerar alguns seres humanos belíssimos, mesmo que não desejamos sexualmente, ou que saibamos que nunca poderão ser nossos. Se ao contrário, se deseja um ser humano ( que além poderia que até poderia ser feio) e não se pode ter com ele as relações almejadas, sofre-se...
Um outro critério a nos guiar é que a estreita relação que a época moderna estabelece entre Beleza e Arte não é assim tão evidente. Se determinadas teorias estéticas (do grego aisthésis: percepção, sensação, sensibilidade) moderna receonhecem apenas a Beleza da arte,subestimando a Beleza da natureza, em outros períodos acontece o inverso: a Beleza é uma qualidade (como um belo luar,um belo fruto,uma bela cor), enquanto a arte tinha apenas a incumbência de fazer bem as coisas que fazia, de modo que servissem ao escopo a que eram destinadas- a tal ponto que se considera arte tanto aquela do pintor e do escultor quanto aquela do construtor de barcos, do marceneiro ou do barbeiro.Somente daquilo muito mais tarde,para distinguir pintura, escultura e arquitetura daquilo de hoje chamaríamos de arteanato, é que elabora a noção de Belas Artes.(...)
Fragmentos de:ECO, Umberto.História da berleza.2.ed.Rio de Janeiro:Record,2012.
3) Como era o seu entendimento por belo antes da leitura do texto?
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Resposta:
Antes do texto minha percepção de beleza era algo que me agradava esteticamente e aquilo que eu almejava!
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