redação sobre o tema: "câncer de mama: desafios para o enfrentamento da doença no Brasil"
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Câncer de mama: desafios para o enfrentamento da doença no Brasil
O cuidado da doença pelo SUS ainda apresenta diferenças socioeconômicas em relação à rede privada
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POR G.LAB PARA ROCHE
26/11/2021 - 10:26 / Atualizado em 29/11/2021 - 11:15
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O câncer de mama é o mais incidente entre mulheres no mundo todo e, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2020, representou 29,7% dos novos casos de câncer em mulheres. No Brasil, depois dos tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é também o mais incidente entre as mulheres. Ainda de acordo com o INCA, a incidência e a mortalidade por câncer de mama tendem a crescer progressivamente a partir dos 40 anos.
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Para aumentar as chances de cura e controle da doença, o diagnóstico precoce é fundamental, levando a um melhor prognóstico e cuidados mais efetivos. Nos últimos tempos, houve um impacto negativo no sistema de saúde, já que boa parte dos recursos precisou ser destinada ao combate da pandemia e a população ficou mais em casa. "Esta situação fez com que muitas pessoas não fizessem seus exames preventivos, o que levou a muitos diagnósticos de tumores de mama mais avançados", explica o mastologista André Mattar.
Aos 44 anos, Bianca Benetti é paciente de câncer de mama no sistema público de saúde. Por ter histórico da doença na família, sempre fez seus exames de rotina anualmente. Em 2020, devido à pandemia, não realizou a mamografia e, em junho deste ano, ao fazer o autoexame, notou um carocinho. Foi quando ela procurou atendimento e teve seu problema identificado. Ainda assim, conseguiu detectar o tumor em fase inicial: "Meu diagnóstico foi precoce e por isso minha cura é praticamente certa. Isso é muito importante e salva vidas", diz.
Bianca descobriu um câncer de mama em estágio inicial Foto: Divulgação
Bianca descobriu um câncer de mama em estágio inicial Foto: Divulgação
Os desafios do Sistema Único de Saúde
O estudo Amazona III, desenvolvido pelo Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama (GBECAM), indicou as diferenças entre pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e aquelas que utilizam o sistema privado. Mesmo com a idade média de diagnóstico semelhante entre esses dois grupos (em torno dos 54 anos), as pacientes que usam o sistema privado são mais frequentemente diagnosticadas com o câncer em estágio I, enquanto as pacientes SUS-dependentes são mais diagnosticadas no estágio III da doença.
Atualmente, 28% das pacientes do SUS e 19% das pacientes do setor privado são diagnosticadas com câncer de mama HER2-positivo, uma das formas mais agressivas da doença. Muitas delas, não possuem acesso aos cuidados indicados no tempo certo para o seu caso. Como exemplo, temos mulheres que passam por cirurgia para retirar o tumor em estágio inicial e, mesmo assim, ainda apresentam a doença residual invasiva.
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Se elas não forem tratadas no momento oportuno, com as alternativas terapêuticas adequadas para seu perfil, essas pacientes têm maior chance de evoluir para a doença metastática, que ainda não tem cura, apenas controle.
Um dos principais desafios trazidos por este cenário é a desigualdade de recursos, que ocorre também dentro do SUS, e fica evidente na comparação entre regiões centrais e as mais periféricas, além de Estados mais desenvolvidos em relação aos demais. Muitas diferenças geográficas, políticas, culturais e socioeconômicas são facilitadores ou obstáculos para a paciente.
Outros desafios que se impõem passam pela complexidade do tratamento, que pode envolver cirurgia, quimioterapia e radioterapia. "É uma maratona na qual precisamos trabalhar com cirurgiões, ginecologistas e mastologistas, oncologistas clínicos, patologistas e outros profissionais da saúde", afirma o oncologista clínico Manoel Carlos Leonardi, membro do comitê executivo do Instituto Vencer o Câncer.
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Sustentabilidade do SUS
Os gargalos de acesso à saúde enfrentados por pacientes, sobretudo na fase inicial, aumentam os custos, em longo prazo, para o sistema de saúde, pois os atendimentos dos casos de câncer metastático, quando a doença atinge outros órgãos, são muito mais prolongados e onerosos. Opções terapêuticas capazes de evitar que casos iniciais se tornem metastáticos, portanto, são relevantes para a sustentabilidade do sistema, ainda mais no cenário pandêmico.
"Os dados mostram que o custo do tratamento no estágio inicial chega a ser até 81% menor que o da paciente com metástase", explica Santusa Santana, especialista em gestão em farmacoeconomia. O diagnóstico precoce, além de garantir qualidade de vida e maior expectativa de vida, também garante sustentabilidade financeira ao sistema de saúde.
Diferentes papéis na sociedade
A melhoria do ecossistema de saúde é uma responsabilidade compartilhada entre diferentes agentes da sociedade. Enquanto o Estado é responsável por prover instalações adequadas, profissionais capacitados e a melhor assistência possível, pacientes são responsáveis por se comprometerem com o diagnóstico e o tratamento conforme orientação. Aos médicos, cabe fazer medicina baseada em evidências, com atualizações constantes para oferecer o melhor tratamento e acompanhamento possíveis. O terceiro setor, por sua vez, tem a missão de informar, apoiar e defender os direitos dos pacientes, como mecanismo organizado da sociedade, para que tudo isso funcione.
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“O controle e a participação social são fundamentais para o desenvolvimento do SUS. Os conselhos, as conferências de saúde, as ouvidorias, as audiências e consultas públicas. Por meio de tudo isso a sociedade brasileira já obteve inúmeras conquistas”, conta Aline Silveira Silva, especialista em Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS).
O acesso à informação a respeito do câncer e dos exames preventivos pode aumentar as chances de diagnóstico precoce e cuidados adequados no tempo certo Foto: Taras Grebinets / Getty Images/iStockphoto
O acesso à informação a respeito do câncer e dos exames preventivos pode aumentar as chances de diagnóstico precoce e cuidados adequados no tempo certo Foto: Taras Grebinets / Getty Images/iStockphoto
No entanto, algumas instâncias de participação ainda parecem estar um pouco distantes da população em geral, pois muita gente nem imagina que é possível se envolver nos processos de decisão de saúde do país, inclusive sobre temas que lhes são de interesse. “Um exemplo disso é a participação social na incorporação de tecnologias em saúde no SUS. O papel dos pacientes e cidadãos como importantes atores na ATS é bem reconhecido no mundo todo”, complementa.
Os pacientes, cuidadores e familiares, que são diretamente afetados pelas condições e tecnologias de saúde, podem contribuir com informações não disponíveis nos estudos científicos, a partir de suas experiências únicas e de vida real.
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Além disso, uma pessoa com informação de qualidade pode se cuidar melhor, prevenir doenças e avaliar suas alternativas terapêuticas, levando em consideração o seu contexto e sua condição, que é única.
Tanto no setor público quanto no privado, ampliar o conhecimento da população sobre seu papel na melhoria do sistema de saúde pode mudar o curso da doença, evitando as consequências do diagnóstico tardio e da falta de intervenções adequadas nos momentos decisivos. É preciso reforçar a importância de fazer a mamografia e outros exames de rastreamento, e incentivar mulheres a buscar apoio e esclarecimentos durante.