Redação sobre a democratização do acesso ao cinema no brasil?
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Resposta:
Em 1887, depois da estreia cinematográfica no país, surge a primeira sala de cinema aberta ao público na capital carioca, por incentivo dos irmãos italianos Paschoal Segreto e Affonso Segreto.
Eles foram os pioneiros do cinema no Brasil, considerados os primeiros cineastas no país, uma vez que realizaram gravações da Baía de Guanabara, em 1898.
No ano seguinte, Pachoal Segreto realizou uma filmagem na cidade de São Paulo durante a celebração da unificação da Itália.
No entanto, foi somente no início do século XX, que São Paulo tem sua primeira sala de cinema, chamada de Bijol Theatre.
Um dos problemas iniciais da produção do cinema no país era a falta de eletricidade, que somente foi resolvida em 1907 com a implantação da Usina Ribeirão de Lages, no Rio de Janeiro.
Após esse evento, os números de salas cresceram consideravelmente na cidade do Rio de Janeiro, chegando a ter cerca de 20 salas de exibição.
No início, os filmes eram de caráter documental. Em 1908, o cineasta luso-brasileiro António Leal apresenta sua película Os Estranguladores, considerado o primeiro filme de ficção brasileiro, com duração de 40 minutos.
Entretanto, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ocorre uma crise do cinema brasileiro, o qual fora dominado por produções estadunidenses (cinema de Hollywood), enfraquecendo assim, o cinema nacional.
Na década de 40 surgem os gêneros das "chanchadas", filmes cômicos-musicais de baixo orçamento.
Esse estilo despontou juntamente com a companhia de cinema Atlântida Cinematográfica, fundada em 18 de setembro de 1941 no Rio de Janeiro por Moacyr Fenelon e José Carlos Burle.
De caráter revolucionário, o cinema novo se consolidará nos anos 60, focado nas temáticas se cunho social e político.
Na década de 1950, já foram produzidos filmes considerados precursores do Cinema Novo, como Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos.
Mais tarde, em fins da década de 60 e início dos anos 70, surge o cinema marginal denominado também de “Údigrudi” (1968-1970). As maiores produtoras dessa vertente foram "Boca do Lixo", em SP e "Belair Filmes", no RJ.
Essas produções estavam bastante alinhadas com o movimento de contracultura, ideologias revolucionárias e também com o tropicalismo, movimento musical que ocorria na mesma época. Sofreu grande censura por parte do regime militar que se instaurava no país.
No começo dos anos 70, em São Paulo, as produções de baixo custo do movimento “Boca do Lixo” realizam as pornochanchadas, baseada nas comédias italianas e com forte teor erótico.
Esse gênero teve enorme destaque na década, fazendo grande sucesso comercial no Brasil. Como exemplo, temos a película A Viúva Virgem (1972), do cineasta Pedro Carlos Rovai.
A pornochanchada sofreu um enorme declínio da década de 80, perdendo sua audiência para os filmes pornográficos hardcores, que ganhavam cada vez mais espaço no Brasil e no mundo.
Com a chegada do videocassete nos anos 80, a proliferação de locadoras marca essa década no país.
Nesse momento, o fim da ditadura e o despontar de uma crise econômica, leva o cinema nacional a sofrer um grande declínio.
Assim, os produtores não tinham dinheiro para produzir seus filmes, e os espectadores, da mesma forma, já não tinham condições para assisti-los.
No começo do século XXI, o cinema brasileiro adquire novamente reconhecimento no cenário mundial, com diversos filmes indicados para festivais e Oscar.
Com a introdução de novas tecnologias (3D, por exemplo), as produções e a quantidades de salas de cinema no país crescem cada vez mais.
Alguns pesquisadores da área denominam o período como a pós retomada do cinema brasileiro, em que a indústria cinematográfica do Brasil se consolida.
Explicação:
"Ao longo do processo de formação da sociedade, o pensamento cinematográfico consolidou-se em diversas comunidades. No iniício do século XX, com os regimes totalitários, por exemplo, o cinema era utilizado como meio de dominação à adesão das massas ao governo. Embora o cinema tenha se popularizado, posteriormente, como entretenimento, nota-se, na contemporaneidade, a sua limitação social, em virtude do discurso elitizado que o compõe e da falta de acesso por parte da população. Essa visão negativa pode ser significativamente minimizada, desde que acompanhada da desconstrução coletiva, junto à redução do custo do ingresso para a maior acessibilidade. Em primeira análise, é evidente que a herança ideológica da produção cinematográfica, como um recurso destinado às elites, conservou-se na coletividade e perpetuou a exclusão de classes inferiores. Nessa perspectiva, segundo Michel Foucault, filósofo francês, o poder articula-se em uma linguagem que cria mecanismos de controle e coerção, os quais aumentam a subordinação. Sob essa ótica, constata-se que o discurso hegemônico introduzido, na modernidade, moldou o comportamento do cidadão a acreditar que o cinema deve se restringir a determinada parcela da sociedade, o que enfraquece o princípio de que todos indivíduos têm o direito ao lazer e ao entretenimento. Desse modo, com a concepção instituída da produção cinematográfica como diversão das camadas altas, o cinema adquire o caráter elitista, o qual contribui com a exclusão do restante da população. Além disso, uma comunidade que restringe o acesso ao cinema, por meio do custo de ingressos, representa um retrocesso para a coletividade que preza por igualdade. Nesse sentido, na teoria da percepção do estado da sociedade, de Émile Durkheim, sociólogo francês, abrangem-se duas divisões: "normal e patológico". Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que um ambiente patológico, em crise, rompe com o seu desenvolvimento, visto que um sistema desigual não favorece o progresso coletivo. Dessa forma, com a disponibilidade de ir ao cinema mediada pelo preço – que não leva em consideração a renda regional –, a democratização torna-se inviável. Depreende-se, portanto, a relevância da igualdade do acesso ao cinema no Brasil. Para que isso ocorra, é necessário que o Estado proporcione a redução coerente do custo de ingressos por região, junto à difusão da importância da produção cinematográfica no cotidiano, nos meios de comunicação, por meio de anúncios, a fim de colaborar com o acesso igualitário. Ademais, a instituição educacional deve proporcionar aos indivíduos uma educação voltada à democratização coletiva do cinema, como entretenimento destinado às elites, por intermédio de debates e palestras, na área das Ciências Humanas, como forma de esclarecimento populacional. Assim, haverá um ambiente estável que colabore com a acessibilidade geral ao cinema no país."