Português, perguntado por gt584488, 1 ano atrás

Redação do filme à teoria do tudo
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Respondido por LucasTheRevelator
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Ao iniciar a leitura, como qualquer leigo que infelizmente confia na mídia para se informar, eu tinha uma opinião errônea sobre a primeira esposa de Stephen Hawking. Sempre achei que Jane fosse uma mulher egoísta e mesquinha que abandonou o marido quando ele mais precisava dela. Acontece que muitas das notícias vinculadas na mídia não eram verdade, mas sim especulação. Toda a história dessa família nada convencional foi esclarecida nesse relato sincero e intimista da primeira e única Sra. Hawking. Jane fez o possível para salvar seu casamento, mas as consequências acabaram deteriorando tudo. Nem sempre o amor é o bastante.

De início, é preciso entender que Jane se interessou por Stephen ciente de sua condição. A ELA (a doença degenerativa que acomete o físico) foi diagnosticada no jovem ainda em sua adolescência. Tímido, porém inteligente, Stephen chamou atenção de Jane e os dois começaram a namorar. Tudo é narrado detalhadamente e o leitor se vê na década de 60. Entre a magia de um primeiro amor e as ideias brilhantes do garoto, esse relacionamento evolui aos poucos e mesmo com um diagnostico cruel e nada otimista, Jane aceita se casar com Stephen.

A autora diz que um casamento é integrado basicamente por duas pessoas, mas que no seu caso, sempre houve uma terceira integrante: a doença de Stephen. Conviver com os efeitos da degeneração foi em especial complicado para a esposa dedicada, que sempre cuidou do marido, assim como de seus filhos. Após um tempo, a genialidade do físico envolve uma quarta integrante à esse casamento já tão complexo: a física. As fórmulas e equações sempre atingiram um lugar que a esposa nunca conseguiu atingir em Hawking.

Jane recebe cada vez menos atenção do marido, que vai aos poucos ficando famoso e conquistando seu lugar no mundo. Diversas vezes, percebemos como ela se sente deslocada, inútil, ignorante e desprezada. A genialidade de Stephen a ofusca e ela abre mão de seus sonhos para se dedicar à família e à carreira do marido. Jane Hawking é uma verdadeira guerreira. Ela lutou pelos direitos dos deficientes físicos, por melhores condições, por suas crenças e por sua família. Muitas vezes injustiçada, ela se sentia exausta pela rotina profissional e doméstica, além do dever para com o marido, que foi elevado a outro patamar, quando ela se viu responsável por cada atividade de Stephen. 

O ponto mais interessante da narrativa são os embates clássicos entre os dois que ocorreram durante todo o casamento dos Hawking: a fé. Ateu declarado, Deus não tem espaço nas teorias de Stephen. Enquanto isso, Jane se apega à fé para aguentar tudo o que lhe foi designado. Com o tempo essas e outras diferenças vão interferindo no relacionamento do casal e o resultado é o que nós conhecemos hoje em dia. 

Eu julgava Jane antes de conhecer sua história e depois de ler as memórias de sua vida, vi que eu não podia estar mais errada. Uma mulher admirável, que fez da sua vida um exemplo e ainda assim foi hostilizada, humilhada e abandonada. Amor, superação e dedicação. Jane é tão ou mais fascinante que Stephen Hawking e ela enfrentou tanta coisa quanto ele. A vida não é difícil apenas para os confinados à doença, mas também para os que os amam. 

"(...) Eu estava convencida que tinha de haver mais no céu e na terra do que havia na frua e impessoal filosofia de Stephen. Embora nessa fase eu me sentisse completamente enfeitiçada, atraída por seus olhos claros cinza-azulados e pelo largo sorriso de covinhas, resisti a seu ateísmo. Por instinto, eu sabia que não poderia me permitir sucumbir a essa influência negativa; que não poderia oferecer consolo nem conforto e esperança para a condição humana. O que o ateísmo faria seria destruir a nós dois. Eu precisava agarrar-me a qualquer fio de esperança que pudesse encontrar e manter a fé suficiente por nós dois se houvesse algo de bom em nossa triste condição." 
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