Realizar a análise (mínimo 2 páginas) das seguintes músicas do movimento tropicália:
a) Apesar de Você – Chico Buarque
b) Alegria, alegria – Caetano Veloso
Soluções para a tarefa
Resposta:
1: Apesar de vc: Chico já abre a música lembrando que o outro é quem manda, sem possibilidade de discussão. Quando perguntado sobre quem era o você na música, Chico respondeu que era uma mulher muito mandona, muito autoritária.
Era uma época tensa para os brasileiros, com uma forte repressão. Pessoas contrárias ao regime Médici eram torturadas e desaparecidas. Com esse contexto, é claro que o você, na
Aí, Chico já dá dicas de como o povo andava se sentindo. Quando ele diz minha gente, fala dos brasileiros que sofriam com a repressão.
Falando de lado, para que o governo não ouvisse, e olhando pro chão, se escondendo, reprimidos.
Aqui, a letra é propositalmente ambígua. Quando Chico diz você que inventou esse estado, a gente pode interpretar como estado de espírito, por exemplo.
Mas a referência, provavelmente, é outra: é Estado com letra maiúscula. Você que inventou esse Estado, trouxe também toda a escuridão em que o Brasil estava.
Foram o governo, os Atos Institucionais e esse regime sofrido que “inventaram o pecado”.
Nisso, o artista faz uma referência aos vários crimes que foram “inventados”, ou às várias interpretações que faziam pessoas inocentes serem presas. Mas aí, esqueceu-se de inventar o perdão: pequenos atos levavam à prisão, à tortura e até à morte.
Esse trecho é bem claro, né? Apesar de toda a repressão, o refrão é esperançoso. O amanhã será outro dia e pode ser melhor.
Quando tudo melhorar, o que os militares farão? Como vão reprimir e segurar o povo, quando finalmente forem livres novamente? Nesse ponto, o compositor sonha com tempos melhores, em que a liberdade prevaleça.
Na parte em que o artista canta a gente se amando sem parar, ele propositalmente deixa uma certa ambiguidade no ar.
Para quem acreditou que a música tratava de um relacionamento, esse trecho reforça a teoria, despistando um pouco da interpretação verdadeira.
Chico segue sonhando: quando a democracia vier, ele vai poder viver a vida novamente, sem medo.
Nesse momento, ele chega a usar a palavra reprimido, uma alusão à repressão; o grito contido pode ser entendido como a revolta que eles não podiam expressar; já o samba no escuro é a música censurada pelo governo, jogada no escuro.
É como se a ditadura tivesse inventado a tristeza, e o cantor pede que isso acabe. Depois, faz uma certa ameaça: os responsáveis por isso vão se arrepender e pagar por cada um que sofreu.
Então, o compositor continua a fazer sua crítica e mantém a esperança. Ele ainda comenta: o dia há de vir antes do que os militares pensam!
Quando tudo passar, a vida será melhor, será alegre. Vai esbanjar poesia, sem censura. A vida vai acontecer sem punições – impunemente. E não será possível abafar o coro a cantar. E ele estava certo: anos depois, esse dia chegou.
Explicação:
2: alegria, alegria Vem cá ver: Caminhando contra o vento Sem lenço e sem documento No Sol de quase dezembro Eu vou Nessa primeira estrofe, já dá pra notar como o compositor se sentia.
Talvez seja só pra mostrar uma continuidade na narrativa, uma representação visual do artista seguindo na vida.
Os obstáculos da ditadura aparecem, mas ele resiste: eu vou, eu vou, eu vou… Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bomba e Brigitte Bardot São diferentes presidentes com os quais ele notoriamente não se identifica.
Mas a música não fala sobre lutar ativamente contra o regime, fala sobre seguir caminhando: e ele segue, entre dentes, pernas e bandeiras.
eu nunca mais fui à escola Sem lenço e sem documento Eu vou Ainda sobre a liberdade: o artista não se prendeu à escola, às pressões da sociedade ou ao casamento.
uma canção me consola Eu vou Aqui, notamos um elemento claro do tropicalismo, assim como as referências às atrizes mencionadas: o movimento era caracterizado pela mistura da cultura brasileira com culturas gringas, especialmente a americana.
Às vezes, isso ocorria só por meio do som, que era bastante influenciado pelo rock and roll, mas também era comum que a mistura aparecesse nas letras, mostrando a cara da Tropicália.
Não sei você, mas a gente ouve e já imagina o artista caminhando meio sem rumo: Ela nem sabe, até pensei Em cantar na televisão
O
Sol é tão bonito Eu vou Sem lenço, sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo, amor Eu vou Talvez o ponto da música seja justamente esse: lutar ativamente contra o regime é desgastante, doloroso.