QUESTÃO 2) Leia o texto:
Catar feijão
João Cabral de Melo Neto
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papet:
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
A partir do poema acima, responda:
a) João Cabral de Melo Neto compara o ato de "catar feijão ao oficio do poeta. Como ele constrói essa comparação?
De que maneira podemos dizer que se trata de um poema autorreflexivo, ou metalinguistico?
b) Qual a diferença essencial entre "catar feijão" e compor o poema? O que é ruim para o "feijão" mas é bom para o
poema?
Soluções para a tarefa
a) João Cabral de Melo Neto constrói a comparação entre o ato de "catar feijão" e o ofício do poeta, pois em ambas situações é preciso escolher o melhor elemento e retirar aquilo que não serve.
> Podemos dizer que se trata de um poema auto-reflexivo, ou metalinguístico na medida em que o poeta reflete sobre o próprio ato de escrever poesia.
b) A diferença essencial entre "catar feijão" e compor o poema é que, no primeiro ato, as pedras são os elementos indesejáveis, que podem machucar os dentes; já no segundo ato, as pedras são o que se deseja, pois dão mais vida a poesia e obstrui a linguagem fluviante.
> O que é ruim para o "feijão" mas é bom para o poema são as pedras.
Resposta:
discorre sobre o próprio ato de criação do poema por meio da metáfora do “catar feijão”.
resposta confirmada
Explicação: