Português, perguntado por kodzillacanal, 11 meses atrás

Questão 1
Pobre velha música!
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.

Recordo outro ouvir-te.
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.

PESSOA, F. Cancioneiro. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1976.

Assinale a alternativa INCORRETA a respeito do poema acima transcrito.

Origem: Unesp

a) Existe um conflito amoroso do eu lírico, que não consegue entender se foi feliz ou não mediante as lágrimas que lhe brotavam aos olhos na infância.

b) No texto, a presença da "música" atua como interlocutor do eu lírico para a construção do poema, em que o tempo cronológico cede lugar ao tempo interior.

c) "Pobre velha música!", de Fernando Pessoa, do Modernismo português, faz parte da expressão poética que se consolidou no início do segundo decênio do século XX.

d) É possível dizer que, nos versos de Pessoa, a consciência do Tempo e da própria vivência permite ao eu lírico resgatar seu passado distante.

e) O jogo temporal, marcado por advérbios e por variação de tempos verbais, encontra sua síntese no paradoxo do último verso do poema.

Soluções para a tarefa

Respondido por jalves26
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Alternativa A é a incorreta.

Na verdade, as lágrimas brotam aos olhos do eu lírico agora, na velhice, pois a música traz-lhe a lembrança da infância, período em que fora feliz.

Os outros itens estão corretos porque:

b) O interlocutor do eu lírico é a música, pois ele dirige sua fala à ela, que trouxe a lembrança da sua infância. Assim, o tempo interior se sobrepõe ao tempo cronológico, pois o passado está de volta e parece tão vivo quanto o presente.

c) O Modernismo português se desenvolveu no início no século XX até a década de 1970. E Fernando Pessoa foi um dos pioneiros desse movimento.

d) O tempo nesse poema não é cronológico, assim a consciência do Tempo e da própria vivência fazem com que o eu lírico possa resgatar o seu passado distante.

e) O último verso "fui-o outrora agora" transmite a ideia paradoxal de que o eu lírico foi feliz no passado agora, ou seja, ele vive e sente os dois tempos (passado e presente) no mesmo instante.

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