Questão 1
Leia o seguinte texto de Descartes: [...] considerei em geral o que é necessário a uma proposição para ser verdadeira e certa, pois, como acabara de encontrar uma proposição que eu sabia sê-lo inteiramente, pensei que devia saber igualmente em que consiste essa certeza. E, tendo percebido que nada há no "penso, logo existo" que me assegure que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso
existir, pensei poder tomar por regra geral que as coisas que concebemos clara e distintamente são todas verdadeiras. (DESCARTES, R. Discurso do método)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento cartesiano, é correto afirmar:
(A) Para Descartes, a proposição "penso, logo existo" não pode ser considerada como uma proposição indubitavelmente verdadeira. (B) Embora seja verdadeira, a proposição "penso, logo existo" é uma tautologia inútil no contexto da filosofia cartesiana. (C) Tomando como base a proposição "penso, logo existo", Descartes conclui que o que é necessário para que uma proposição qualquer seja verdadeira é que ela enuncie algo que possa ser concebido clara e distintamente. (D) Descartes é um filósofo cético, uma vez que afirma que não é possível se ter certeza sobre a verdade de qualquer proposição. (E) Tomando como exemplo a proposição "penso, logo existo", Descartes conclui que uma proposição qualquer só pode ser considerada como verdadeira se ela tiver sido provada com base na experiência.
Questão 2
(UEL 2008) Leia o seguinte texto de Descartes:
Essas longas cadeias de razões, todas simples e fáceis, de que os geômetras costumam se utilizar para chegar às demonstrações mais difíceis, haviam-me dado oportunidade de imaginar que todas as coisas passíveis de cair sob domínio do conhecimento dos homens seguem-se umas às outras da mesma maneira e que, contanto que nos abstenhamos somente de aceitar por verdadeira alguma que não o seja, e que observemos sempre a ordem necessária para deduzi-las umas das outras, não pode haver, quaisquer que sejam, tão distantes às quais não se chegue por fim, nem tão ocultas que não se descubram.
(DESCARTES, R. Discurso do método. Tradução de Elza Moreira Marcelina. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; São Paulo: Ática, 1989. p. 45.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Descartes, é correto afirmar que:
a) Para Descartes, o conhecimento é obtido partindo-se da experiência, isto é, da observação da natureza, e depois generalizando os resultados de tais observações.
b) Segundo Descartes, qualquer coisa que a razão humana é capaz de conhecer pode ser alcançada, partindo-se de verdades evidentes, e aplicando a dedução lógica a essas verdades.
c) Para Descartes, é possível apenas obter um conhecimento aproximado, probabilístico, acerca de qualquer objeto, não sendo de modo algum alcançável o conhecimento da verdade, independente do assunto em questão.
d) Descartes pensa que, independentemente das premissas das quais se parte ao se procurar obter conhecimento sobre um determinado assunto, a verdade sobre tal assunto será alcançada desde que os princípios da lógica dedutiva sejam aplicados corretamente.
e) Para Descartes, não há verdades evidentes, de modo que para se obter conhecimento sobre qualquer assunto, é necessário realizar longas séries de demonstrações difíceis, como aquelas que são habitualmente desenvolvidas pelos geômetras.
Soluções para a tarefa
QUESTÃO 1
(A) Para Descartes, a proposição "penso, logo existo" não pode ser considerada como uma proposição indubitavelmente verdadeira.
Falso. Essa é a certeza básica, da qual Descartes parte para realizar as suas reflexões.
(B) Embora seja verdadeira, a proposição "penso, logo existo" é uma tautologia inútil no contexto da filosofia cartesiana.
Falso. Dentro do contexto cartesiano tal afirmação é o fundamento do processo reflexivo, como apontado acima.
(C) Tomando como base a proposição "penso, logo existo", Descartes conclui que o que é necessário para que uma proposição qualquer seja verdadeira é que ela enuncie algo que possa ser concebido clara e distintamente.
Correto. Por ser claro e possível de se interpretar a partir da racionalidade, é daí que o enunciado é verdadeiro.
(D) Descartes é um filósofo cético, uma vez que afirma que não é possível se ter certeza sobre a verdade de qualquer proposição.
Falso. Se assim fosse, ele não teria proposto métodos para se alcançar a verdade.
(E) Tomando como exemplo a proposição "penso, logo existo", Descartes conclui que uma proposição qualquer só pode ser considerada como verdadeira se ela tiver sido provada com base na experiência.
Falso. A experiência não é utilizada por Descartes neste contexto, ele assume, como se sabe, o racionalismo.
QUESTÃO 2
a) Para Descartes, o conhecimento é obtido partindo-se da experiência, isto é, da observação da natureza, e depois generalizando os resultados de tais observações.
Falso. Descartes entende que o conhecimento parte da razão, não da empiria.
b) Segundo Descartes, qualquer coisa que a razão humana é capaz de conhecer pode ser alcançada, partindo-se de verdades evidentes, e aplicando a dedução lógica a essas verdades.
Correto. A razão humana é uma máquina de obter conhecimento e alcançar verdades, a partir do racionalismo de Descartes.
c) Para Descartes, é possível apenas obter um conhecimento aproximado, probabilístico, acerca de qualquer objeto, não sendo de modo algum alcançável o conhecimento da verdade, independente do assunto em questão.
Falso. Descartes não duvida da existência de verdades e da possibilidade de alcança-las.
d) Descartes pensa que, independentemente das premissas das quais se parte ao se procurar obter conhecimento sobre um determinado assunto, a verdade sobre tal assunto será alcançada desde que os princípios da lógica
Falso. É preciso que se atente às premissas das quais se parte.
Sobre Descartes, 1-C, 2-B.
Descartes, filósofo racionalista moderno, resgatou o pensamento filosófico de Platão para se valer de como o homem conhece as coisas. Assim, Descartes, ao duvidar de tudo, duvidou, inclusive, de si mesmo, apropriando-se da DÚVIDA HIPERBÓLICA, isto é, dúvida exagerada.
Ao duvidar de si mesmo, Descartes notou que a existência das coisas pressupõe o seu conhecimento prévio. Assim, como as ideias são dadas por Deus aos homens, ele cunha a ideia de que "penso, logo existo". Se penso, eu existo. Assim, a única coisa que não posso duvidar é que eu penso, mas as experiências no mundo podem me enganar.
A partir dessa teoria cartesiana, Descartes torna-se símbolo do racionalismo moderno de que as ideias já existem e que devemos confiar somente na faculdade da razão.
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