Querido Georges Mais uma vez convidaste-me para acompanhar-te numa das tuas frequentes e longas digressões eu ia se fosse um passaro se pudesse voar sobre pántanos lagoas e cansaços mas já não tenho força nem saúde para ser sequer uma pessoa não tenho felicidade para ser esposa nem esperança para ser mãe Prossederei agora como fiz em todas as esperas rezarei para que não voltas tão distante de me como quando partiste fui eu que afastei-me de mim mesma é o que insistentemente dizes-me as insistentes febres terçãs deixaram-me nesse estado de ausência mas não é de doença que estou perdendo censo é de tristeza. Estou doente Georges mas é da doença do vazio que padeço por isso não é de um médico que careço é de um amante por esta razão te imploro me olha com o mesmo desvaire com que te detens a fotografar as negras nuas me olha Georges e verás que não é por um missionário que aguardo ve-lo por um marido que não tem medo do vulcão que por dentro nos abrasa. (In a espada e a azagaia, Mia Couto) O excerto textual acima enferma de algumas incorrecções linguísticas de vária ordem. Proceda à sua retextualização tendo como base os fundamentos prescritivos da gramática relativos à pontuação e à acentuação e justifique a ocorrência das vírgulas no seu texto.
Soluções para a tarefa
Reescrita do texto, fazendo correções relativas à pontuação, à acentuação e ao emprego da vírgula:
Querido Georges,
Mais uma vez convidaste-me para acompanhar-te numa das tuas frequentes e longas digressões. Eu ia se fosse um pássaro. Se pudesse voar sobre pântanos lagoas e cansaços. Mas já não tenho força nem saúde para ser sequer uma pessoa. Não tenho felicidade para ser esposa. Nem esperança para ser mãe.
Procederei agora como fiz em todas as esperas: rezarei para que não voltes tão distante de mim como quando partiste. Fui eu que me afastei de mim mesma, é o que insistentemente dizes-me. As insistentes febres terçãs deixaram-me nesse estado de ausência. Mas não é de doença que estou perdendo o senso. É de tristeza.
Estou doente, Georges. Mas é da doença do vazio que padeço. Por isso não é de um médico que careço. É de um amante. Por esta razão te imploro: olha-me com o mesmo desvaire com que te deténs a fotografar as negras nuas. Olha-me, Georges. E verás que não é por um missionário que aguardo. Velo por um marido que não tem medo do vulcão que por dentro nos abrasa.
Justificativas para uso da vírgula:
- isolar vocativo ("Querido Georges"; "Georges")
- separar orações coordenadas assindéticas ("Fui eu que me afastei de mim mesma, é o que insistentemente dizes-me.")