quem são os personagens do conto "a verdade também apanha"
O conto a seguir se chama
"A verdade também apanha" do escritor José Cândido de Carvalho e reúne todos os elementos listados acima.
"Quando chegou em Pipeiras o delegado Nonô Pestana foi aquele zunzum, aquele mal-estar. O delegado veio arrastando enorme palmatória. Era com muito orgulho que Nonô dizia mostrando o instrumento de trabalho:
— Comigo não tem esse negócio de confissão espontânea coisa nenhuma! Comigo todo mundo entra no instrumental. É o único jeito da autoridade saber se o sujeito é criminoso ou inocente.
E bem Nonô não havia arregaçado as mangas apareceu um retinto dizendo ter dado morte por esquartejamento a um tal de Chico Cabeção. Pelo que confessou estar arrependido e pronto a purgar, nas malhas da lei, o crime de sua lavra:
— Matei e enterrei Chico Cabeção no quintal de minha casa.
De fato, o esquartejado lá estava mortinho da silva de nunca mais voltar a ser Chico Cabeção. Foi quando o delegado, dentro dos seus princípios justiceiros, passou o confessante por uma palmatória braba e esperta. E o sujeitinho tanto apanhou que acabou desconfessando tudo. Jurou de mãos postas que era mentiroso e inventeiro. Que outro tinha esquartejado Chico Cabeção. E Nonô orgulhoso:
— É o que eu digo e provo. Não tem como uma palmatória para o suspeito contar a verdade. Se não ministro esse corretivo, o delegado Nonô Pestana, que sou eu, mandava para um cadeia de trinta anos um pobre inocente.
E soltou o homem."
A moça tecelã - Marina Colassanti
A moça tecelã conta a história de uma menina que passava os seus dias tecendo e tudo o que tecia ganhava vida - o sol, as nuvens, a chuva. Se lhe dava fome, tecia um peixe e logo havia um peixe em sua mesa, se tecia leite, o leite aparecia.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Tudo o que a moça fazia era tecer, mas um dia sentiu-se sozinha e teceu um marido. Ao terminar de tecê-lo, o homem abriu a porta de sua casa e entrou. A moça pensava no que mais teceria para sentir-se ainda mais feliz e teceu os filhos.
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.
O homem, então, passou a exigir que a moça trabalhasse para comprar uma casa maior e então um palácio. A moça passou a tecer para oferecer ao marido os luxos que desejava. Sentiu-se triste e pensou em como seria bom estar sozinha novamente.
Em uma noite, esperou o marido dormir, levantou-se e foi até seu tear. Começou a desfazer os palácios, as carruagens e tudo o que havia nele.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
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Resposta:
Delegado Nonô, Chico Cabeção, Marina Colossanti
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