Quem foram os mestres de Espanha até 1492?
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Resposta:
Por Século de Ouro entende-se a época clássica e o auge da cultura espanhola, essencialmente desde o Renascimento do século XVI até o Barroco do século XVII. Sujeito a datas concretas de acontecimentos chaves, seu início é marcado pela publicação da Gramática Castellana, de Antonio de Nebrija, em 1492, até a morte de Calderón de la Barca, em 1681.
Nos finais do século XVIII, já se havia popularizado a expressão Século de Ouro, com a qual Lope de Vega aludia a si próprio e que suscitava a admiração de Don Quixote em seu famoso discurso sobre a Idade de Ouro. No século XIX, terminou-se de consagrar a expressão quando o hispanista norte-americano George Ticknor em sua história da literatura espanhola, aludindo ao famoso mito da teogonia de Hesíodo, que imaginava uma série de idades de homens associados a metais distintos, cada vez mais degradados.
Com sua união dinástica, os reis católicos delinearam um estado politicamente forte, consolidado mais adiante, cujos êxitos causaram inveja a alguns intelectuais contemporâneos, como Nicolau Maquiavel, porém, ideologicamente dominado por uma inquisição eclesiástica.
Os judeus que não se cristianizaram foram expulsos em 1492 e se dispersaram, fundando colônias hispânicas pela Europa, Ásia, e norte da África, onde seguiram cultivando sua língua e escrevendo literatura em castelhano, de forma que produziram também figuras notáveis, como o economista e escritor José Penso de La Vega, Miguel de Barrios, Juan de Prado, Isaac Cardoso, Abraham Zacuto, Isaac Orobio o Manuel de Pina. Também em janeiro de 1492 Castela conquista o bastião mouro de Granada, com o que finaliza a etapa política muçulmana peninsular, ainda que uma minoria mourisca habite, mais ou menos tolerada, até os tempos de Filipe III.
Além disso, em outubro desse mesmo ano, Cristóvão Colombo chega à América, e na ânsia guerreira cultivada durante as guerras medievais da Reconquista projetará sobre as novas terras, bem como sobre a Europa, o 'gesto mais extraordinário da história da humanidade', segundo o escritor e historiador Pierre Vilar.
Durante o apogeu cultural e econômico desta época, a Espanha alcançou prestígio internacional e influência cultural em toda a Europa. Tudo quanto provinha da Espanha foi amiúde imitado, e se estendeu a aprendizagem e estudo do idioma espanhol (consultar hispanismo).
As áreas culturais mais cultivadas foram a literatura, as artes plásticas, a música, e a arquitetura. O saber se acumulou nas prestigiadas universidades de Salamanca, e Alcalá de Henares.
As cidades mais importantes deste período são: Sevilha, por receber as riquezas coloniais e aos comerciantes e banqueiros europeus mais importantes, junto com a delinquência internacional; Madrid, como sede da corte, Toledo, Valência, e Saragoça.
No terreno das humanidades seu cultivo foi mais extenso que profundo, e de matiz mais divulgadora que erudita, apesar de que a filologia ofereceu testemunhos eminentes como a Bíblia Poliglota Complutense, ou a Biblia regis o de Amberes de Benito Arias Montano, enquanto que o cientificismo teve avanços importantes em Linguística (Francisco Sánchez de las Brozas e sua Minerva); as numerosas gramáticas de língua indígena realizadas pelos missionários, como consequência do descobrimento da América.
Houve também figuras eminentes na matemática (Sebastián Izquierdo, Juan Caramuel, Pedro Nunes, Omerique, Pedro Ciruelo, Juan de Rojas y Sarmiento, Rodrigo Zamorano), Física, Medicina, Farmacologia (Andrés Laguna), Psicologia (Juan Luis Vives, Juan Huarte de San Juan) e Filosofía (Francisco Suárez). Igualmente se desenvolveram, por causa do grande impacto que tiveram os descobrimentos dos novos povos, o Direito Natural, e o Direito das Gentes, com figuras como Bartolomeu de las Casas, influente precursor dos direitos humanos e defensor do jusnaturalismo em seu De regia potestate, e ainda Francisco de Vitória.
O Século de Ouro abarca os períodos estéticos que corresponderam ao Renascimento do século XVI (reinados de Fernando, o Católico, Carlos I e Filipe II), e o barroco do século XVII reinados de Filipe III, Filipe IV e Carlos II). O eixo destas duas épocas ou fases podem ser colocados no Concílio de Trento e na contra-reação.