Quem eram os calangos na epoca de Juscelino Kubitschek?
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Nada teria acontecido não fossem os 64 mil operários que atenderam ao chamado de Juscelino. Quem diz isso é o antropólogo Gustavo Lins Ribeiro, autor de O capital da esperança. “Eles vieram atrás de algo ao mesmo tempo pragmático, o dinheiro, mas vieram atrás também da utopia, da ideia de se construir um novo país por dentro”, diz Ribeiro. Não se sabe quantos desses milhares de homens voltaram para suas terras, quantos morreram nas obras, quantos ainda moram em Brasília. Os números são imprecisos; a inspiração, precisa.
Os heróis anônimos da construção da utopia não receberam honrarias, mas se transformaram em obra de arte. Há 15 anos, a artista plástica Rosângela Rennó criou uma instalação, Imemorial, a partir de fotografias 3x4 de operários da Novacap contratados entre 1957 e 1960. Com a ajuda do Arquivo Público do Distrito Federal, ela pesquisou 5 mil fichas funcionais e obteve autorização para uso de imagem de 54 dos cadastrados. Desde então, as fotos de operários anônimos da utopia se instalaram em galerias no Brasil e fora dele.
Há fotos de crianças entre os candangos contratados. Rosângela Rennó diz ter encontrado fichas de funcionários da Novacap contratados até com 10 anos de idade. A série Bravos candangos, que o Correio vem publicando, duas vezes por semana desde novembro de 2009, trouxe pelo menos um funcionário da companhia contratado com 13 anos de idade, a telefonista Maria da Glória Chagas dos Santos.
O personagem principal (e real) de Expresso Brasília, crônica da construção escrita a partir da perspectiva do operário, tem 15 anos. O autor do livro, Edson Beú, diz que a nova capital foi construída por muito mais adolescentes do que se imagina. “Eles iam a Luziânia, diziam que não tinham registro de nascimento e aumentavam a idade no novo registro.”
Adolescentes ou adultos, os bravos candangos dos canteiros de obra vieram para Brasília atrás do dinheiro farto que surgia principalmente das muitas horas extras trabalhadas. “Não há dúvida que correu muito dinheiro na mão do operário. Brasília foi também uma possibilidade de ascensão social para o operariado, mas a um alto preço, que foi a dilapidação da força de trabalho, as jornadas muito intensas e extensas. Não por acaso, houve muitas mortes e muitos acidentes”, afirma Gustavo Lins Ribeiro, um dos autores do recém-lançado Brasília aos 50 anos, que cidade é essa? A contagem das vítimas dificilmente será precisa, avalia o antropólogo. Mesmo que se contem os sepultamentos ocorridos em Luziânia e em Planaltina no período da construção de Brasília e se compare o número com igual período anterior, ainda assim, a conta terá um resultado bastante inexato.
Massa humana
Quando vasculhou as fichas cadastrais dos funcionários da Novacap, Rosângela Rennó não pretendia fazer uma arte engajada. “Quis evitar uma abordagem panfletária, estava mais preocupada com a massa humana do que propriamente em denunciar acidentes de trabalho.” Arquiteta por formação, mineira de Belo Horizonte, Rennó tinha essa dupla aproximação com Brasília. O convite do Instituto Goethe para criar uma obra de arte tendo como inspiração a capital do país trouxe a artista à cidade e aqui ela foi informada da existência desse acervo de fichas de operários. A visita ao Arquivo Público reforçou a busca pelo que de humano havia por trás do concreto armado. “Conheci o Programa de História Oral, li vários depoimentos e fiquei sensibilizada com essa ideia do imponderável. Uma cidade construída por 60 mil pessoas, isso há 50 anos. Foi daí que escolhi a dimensão de espetáculo humano da construção de Brasília.”
Para reproduzir as fotos das fichas cadastrais, Rosângela Rennó se comprometeu a não identificar nenhum dos operários. Escolheu reproduzir em cor as fotos dos candangos vivos (até 1994) e em preto e branco as dos mortos. As fotos dos vivos ficaram expostas numa parede e a dos mortos, no chão. Essas foram feitas em película Kodalith, “à maneira dos antigos calótipos, prata sobre preto”, explica. A obra foi reproduzida no número mais recente da revista Humanidades, da Universidade de Brasília.
Autor de três títulos sobre a história de Brasília, Edson Beú já entrevistou mais de uma centena de operários da construção. Beú vive transitando entre Ceilândia, Vila Planalto, Recanto das Emas e Riacho Fundo, quatro das cidades com maior número de pioneiros na capital. “O que pude perceber nessas andanças é que o candango não teve a ascensão social que esperava, mas mesmo assim se orgulha de ter participado da construção da cidade. Eles têm consciência de que participaram de um momento histórico. Eles também têm orgulho de ver que seus filhos estão tendo mais chances de progredir na vida.”
Os heróis anônimos da construção da utopia não receberam honrarias, mas se transformaram em obra de arte. Há 15 anos, a artista plástica Rosângela Rennó criou uma instalação, Imemorial, a partir de fotografias 3x4 de operários da Novacap contratados entre 1957 e 1960. Com a ajuda do Arquivo Público do Distrito Federal, ela pesquisou 5 mil fichas funcionais e obteve autorização para uso de imagem de 54 dos cadastrados. Desde então, as fotos de operários anônimos da utopia se instalaram em galerias no Brasil e fora dele.
Há fotos de crianças entre os candangos contratados. Rosângela Rennó diz ter encontrado fichas de funcionários da Novacap contratados até com 10 anos de idade. A série Bravos candangos, que o Correio vem publicando, duas vezes por semana desde novembro de 2009, trouxe pelo menos um funcionário da companhia contratado com 13 anos de idade, a telefonista Maria da Glória Chagas dos Santos.
O personagem principal (e real) de Expresso Brasília, crônica da construção escrita a partir da perspectiva do operário, tem 15 anos. O autor do livro, Edson Beú, diz que a nova capital foi construída por muito mais adolescentes do que se imagina. “Eles iam a Luziânia, diziam que não tinham registro de nascimento e aumentavam a idade no novo registro.”
Adolescentes ou adultos, os bravos candangos dos canteiros de obra vieram para Brasília atrás do dinheiro farto que surgia principalmente das muitas horas extras trabalhadas. “Não há dúvida que correu muito dinheiro na mão do operário. Brasília foi também uma possibilidade de ascensão social para o operariado, mas a um alto preço, que foi a dilapidação da força de trabalho, as jornadas muito intensas e extensas. Não por acaso, houve muitas mortes e muitos acidentes”, afirma Gustavo Lins Ribeiro, um dos autores do recém-lançado Brasília aos 50 anos, que cidade é essa? A contagem das vítimas dificilmente será precisa, avalia o antropólogo. Mesmo que se contem os sepultamentos ocorridos em Luziânia e em Planaltina no período da construção de Brasília e se compare o número com igual período anterior, ainda assim, a conta terá um resultado bastante inexato.
Massa humana
Quando vasculhou as fichas cadastrais dos funcionários da Novacap, Rosângela Rennó não pretendia fazer uma arte engajada. “Quis evitar uma abordagem panfletária, estava mais preocupada com a massa humana do que propriamente em denunciar acidentes de trabalho.” Arquiteta por formação, mineira de Belo Horizonte, Rennó tinha essa dupla aproximação com Brasília. O convite do Instituto Goethe para criar uma obra de arte tendo como inspiração a capital do país trouxe a artista à cidade e aqui ela foi informada da existência desse acervo de fichas de operários. A visita ao Arquivo Público reforçou a busca pelo que de humano havia por trás do concreto armado. “Conheci o Programa de História Oral, li vários depoimentos e fiquei sensibilizada com essa ideia do imponderável. Uma cidade construída por 60 mil pessoas, isso há 50 anos. Foi daí que escolhi a dimensão de espetáculo humano da construção de Brasília.”
Para reproduzir as fotos das fichas cadastrais, Rosângela Rennó se comprometeu a não identificar nenhum dos operários. Escolheu reproduzir em cor as fotos dos candangos vivos (até 1994) e em preto e branco as dos mortos. As fotos dos vivos ficaram expostas numa parede e a dos mortos, no chão. Essas foram feitas em película Kodalith, “à maneira dos antigos calótipos, prata sobre preto”, explica. A obra foi reproduzida no número mais recente da revista Humanidades, da Universidade de Brasília.
Autor de três títulos sobre a história de Brasília, Edson Beú já entrevistou mais de uma centena de operários da construção. Beú vive transitando entre Ceilândia, Vila Planalto, Recanto das Emas e Riacho Fundo, quatro das cidades com maior número de pioneiros na capital. “O que pude perceber nessas andanças é que o candango não teve a ascensão social que esperava, mas mesmo assim se orgulha de ter participado da construção da cidade. Eles têm consciência de que participaram de um momento histórico. Eles também têm orgulho de ver que seus filhos estão tendo mais chances de progredir na vida.”
diego022:
e isso cara
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