Que inflexível se mostra, que constante
Se vê este penhasco! já ferido
Do proceloso vento e já batido
Do mar, que nele quebra a cada instante!
Não vi; nem hei de ver mais semelhante,
Retrato dessa ingrata, a que o gemido
Jamais pode fazer que, enternecido,
Seu peito atenda às queixas de um amante.
Tal és, ingrata Nise: a rebeldia,
Que vês nesse penhasco, essa dureza
Há de ceder aos golpes algum dia:
Mas que diversa é tua natureza!
Dos contínuos excessos da porfia,
Recobras novo estímulo à fereza.
Cláudio Manuel da Costa. ln: LuizRoncari. Literatura brasileira - Dos primeiros cronistas aos últimos românticos. 2. ed. São Paulo: Edusp/FDE, 1995. p. 237 - 8.
No soneto de Cláudio Manuel da Costa a natureza é vista como mais hostil do que algo a encontrar, fugindo um pouco do ideal padrão do arcadismo. No entanto, a obra mantém traços próprios do convencionalismo amoroso neoclássico, melhor explicitados através
A
da desesperança do autor em conseguir ter seu amor correspondido e, por isso, renunciou a paz em meio a natureza.
B
dos sentimentos do eu lírico, os quais foram apresentados superficialmente.
C
de ser soneto e por apresentar termos sintaticamente inversos, e a elaboração linguística do texto se mostra como desenvolvida.
D
das comparações entre a amada e palavras com caráter mais negativo como “rebeldia”, “dureza” e “ingrata”.
E
da própria desarmonia entre a natureza, que já é a justificativa que faz o texto fugir do padrão e, mesmo assim, compensar estar dentro do arcadismo.
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Os traços próprios do convencionalismo amoroso neoclássico estão explicitados na alternativa B.
Explicação:
O convencionalismo amoroso era uma das principais características da poesia árcade.
Havia uma convenção na expressão do sentimento amoroso: o poeta árcade fazia poemas de amor de forma distanciada e seguindo sempre a convenção dos poemas clássicos.
O eu lírico sempre era um pastor que declarava seu amor por uma mulher (como a Nise) e convidava-a a viver uma vida simples no campo.
Mas parecer ser sempre o mesmo homem, pois não há um aprofundamento na expressão dos sentimentos.
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