quatro motivos pros primatas evoluirem a humanos?
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Resposta:
Era janeiro de 1974, e um chimpanzé chamado Godi fazia sua refeição, sozinho, nos galhos de uma árvore no Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia.
Mas Godi não reparou que, enquanto comia, oito macacos o rodearam. "Ele pulou da árvore e correu, mas eles o agarraram", disse o primatologista britânico Richard Wrangham ao documentário da BBC The Demonic Ape (O Macaco Demoníaco, em tradução livre).
"Um deles conseguiu agarrar um de seus pés, outro lhe prendeu pela mão. Ele foi imobilizado e surrado. O ataque durou mais de cinco minutos e, quando o deixaram, ele mal conseguia se mover."
Godi nunca mais foi visto.
O episódio é conhecido como o início do que a famosa primatologista britânica Jane Goodall chamou de "A Guerra dos 4 Anos", o conflito que dividiu uma comunidade de chimpanzés em Gombe e desatou uma onda de assassinatos e violência que, desde então, nunca mais foi registrada.
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Image copyrightGETTY IMAGESMão de um chimpanzé
Image captionO assassinato brutal do primata Godi marcou o início da sangrenta "Guerra de 4 anos" dos chimpanzés em Gombe
No entanto, o motivo exato e a causa da divisão são um "eterno mistério", disse Joseph Feldblum, professor de antropologia evolutiva da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, em um comunicado da instituição.
No mês passado, Feldblum liderou um estudo publicado na revista científica American Journal of Physical Anthropology que revela a história de "poder, ambição e ciúmes" que deu origem à guerra entre os primatas.
Macacos e humanos
Feldblum está há 25 anos arquivando e digitalizando as anotações que Goodall fez durante seus mais de 55 anos vivendo no Parque Nacional de Gombe.
A primatologista, que na última terça-feira completou 84 anos, mudou tudo o que acreditávamos saber sobre os chimpanzés (e sobre os seres humanos) ao descobrir que esses macacos fabricavam e usavam ferramentas, tinham uma linguagem primitiva e eram capazes de entender o que seus pares pensavam.
Mas Goodall também descobriu a crueldade que esses animais podiam demonstrar.
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Image copyrightGETTY IMAGESJane Goodall com seu famoso boneco em 2018
Image captionA primatologista Jane Goodall, que lidera uma fundação de pesquisa e conservação com seu nome, acompanhou toda a guerra dos chimpanzés nos anos 1970
Foram quatro anos documentando saques, surras e assassinatos entre as facções Kasakela e Kahama, que ficavam ao norte e ao sul do parque, respectivamente.
Nesse tempo, por exemplo, um terço das mortes de chimpanzés machos em Gombe foram perpetreadas pelos próprios animais.
A guerra, disse Goodall no documentário da BBC, "só fez com que os chimpanzés se parecessem ainda mais conosco do que se pensava".
A violência foi tão excessiva e única que alguns investigadores sugeriram que ela foi provocada involuntariamente pela própria Goodall, que montou uma estação de observação no local onde os animais recebiam alimentos.
De acordo com essas teorias, "as duas comunidades de chimpanzés poderiam ter existido o tempo todo ou estavam se dissolvendo quando Goodall começou sua pesquisa, e a estação de alimentação os reuniu em uma trégua temporária até que eles se separaram novamente", disse o comunicado da Universidade de Duke.
"Mas os novos resultados de uma equipe de Duke e da Universidade Estadual do Arizona sugerem que alguma coisa a mais estava acontecendo."
Image copyrightGETTY IMAGESChimpanzés brigando
Image captionOs chimpanzés são capazes de violência, mas pesquisadores dizem que o ocorrido entre 1974 e 1978 excedeu todos os registros de brutalidade
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No novo estudo, os pesquisadores analisaram as mudanças nas alianças entre 19 chimpanzés machos durante os sete anos