Quase sem exceção, os filósofos colocaram a essência da mente no pensamento e na consciência; o homem era o animal consciente, o “animal racional”. Porém, segundo Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, sob o intelecto consciente está a “vontade inconsciente”, uma força vital persistente, uma vontade de desejo imperioso. Às vezes, pode parecer que o intelecto dirija a vontade, mas só como um guia conduz o seu mestre. Nós não queremos uma coisa porque encontramos motivos para ela, encontramos motivos para ela porque a queremos; chegamos até a elaborar filosofias e teologias para disfarçar nossos desejos.
Will Durant. A história da filosofia, 1996. Adaptado.
Explique a importância da concepção do homem como “animal racional” para a filosofia. Como o conceito de “vontade inconsciente”, proposto por Schopenhauer, compromete a confiança filosófica na razão?
Soluções para a tarefa
Resposta:
A concepção do homem como “animal racional” foi importante para a filosofia em diversos momentos e em diversos campos de investigação. Por exemplo, se o sujeito é racional, ele é capaz de ter uma consciência total de si mesmo e de dominar suas paixões e desejos, o que possibilita conceber a moral como subordinada ao exercício da razão. Além disso, a centralidade da razão na concepção de ser humano também tende a estar atrelada à possibilidade de um conhecimento racional puro e desinteressado.
Com o conceito de “vontade inconsciente”, apresentado no texto, Schopenhauer desafiou essas implicações. A razão passa a servir à vontade, ou seja, ao não racional; e o pensamento, portanto, pode ter a ilusão de controle, mas não o detém de fato. Nesse sentido, a possibilidade de um conhecimento puro é questionada, já que filosofias e ciências, como fruto da atividade racional, podem ser apenas elaborações intelectuais que buscam, inclusive por meio de disfarces, realizar a vontade inconsciente.
Explicação:
confia no pai