Quanto ao poema, é correto afirmar: a) Os recursos sonoros e as imagens cromáticas inserem o poema nas sugestões típicas do Simbolismo. b) As imagens "como um véu", "acrópole de gelos" demarcam a atmosfera decadentista do poema. c) A imagem das rosas bravas que floriram por engano sugere a leveza com que o eu lírico está encarando a realidade. d) As neves, de repente, são flores que caem sobre os cabelos do eu lírico e o aliviam da angústia existencial. e) As imagens dos tercetos reforçam a sugestão de tristeza, amargura e solidão em que o casal se encontra. Língua Portuguesa
preciso da resposta até dia 18 de setembro por favor
Soluções para a tarefa
Quanto ao soneto de Camilo Pessanha:
a) Correta.
b) Correta.
c) A imagem das rosas bravas que floriram por engano sugere a leveza com que o eu-lírico está encarando a realidade. - Incorreta
d) As neves, de repente, são flores que caem sobre os cabelos do eu-lírico e o aliviam da angústia existencial. - Incorreta
e) Correta
Desenvolvimento abaixo.
Floriram por engano as rosas bravas, de Camilo Pessanha
Estrofe 1.
- Floriram por engano as rosas bravas
Em C, sugere-se que esta imagem suscita leveza. Pelo contrário: a rosa-brava ou rosa-canina (rosa "mosqueta'' no Brasil), é uma espécie de rosa bonita e de fins medicinais, mas que geralmente cresce na primavera e outono, meses amenos, pois a maioria de suas variedades não aguenta extremos de temperatura.
Ela cresce em arbustos tortuosos, algumas são trepadeiras. Tudo isto já nos indica e antecipa uma imagem de erro que, somada ao seu sub nome - brava ou canina - mais o engano de terem florido no inverno, (verso seguinte) não pode ser encarado como imagem de leveza.
- No Inverno: veio o vento desfolhá-las... - A imagem de desconstrução de algo belo já está nas rosas desfolhadas pelo vento
- Em que cismas, meu bem? Por que me calas - Incerteza do eu-lírico.
- As vozes com que há pouco me enganavas? - Certeza em relação ao fato da amada tê-lo enganado.
Estrofe 2.
- Castelos doidos! Tão cedo caístes!... - A expressão castelo + doido cria a imagem de algo fenomenal e impossível, que em seguida é explicada: ruíram cedo, pois eram impossíveis de serem sustentados, ilusões.
- Onde vamos, alheio o pensamento,
- De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
- Perscrutaram nos meus, como vão tristes! - Os enjambemants, característicos das escolas poéticas de linhagem mais rígida no que diz respeito à métrica e à construção semântica (não ao tema, porque não existe uma única linhagem de tema "formal" em poemas) dos três versos acima continuam construindo a imagem de algo quebrado:
⇒o período quebrado nos versos pelos enjambemants deixa isto muito claro, confirmando no último:
De que servia estarem de mãos dadas, juntos fisicamente apenas, mas alheios um ao outro? Os olhos da amada, antes vivos e interesados no eu-lírico, já estavam tristes, cismando (cismar = pensar com profundidade em, neste contexto).
Estrofe 3.
- E sobre nós cai nupcial a neve,
- Surda, em triunfo, pétalas, de leve
- Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Em D, sugere-se que as neves são flores que caem sobre os cabelos do eu lírico e o aliviam da angústia existencial.
Em primeiro lugar temos de separar o que é dúvida existencial e o que é dilema amoroso:
Hamlet, por exemplo, no início de seu famoso monólogo trata de uma dúvida existencial:
Viver ou morrer, o que é mais correto para agora? (Ser ou não ser, eis a questão... - to be or not to be, that's the question[...])
Isto é uma dúvida ou angústia existencial.
No fim do mesmo monólogo ele já dirije seu pensamento à amada Ofélia, e diz quando a vê chegando:
"Quieto agora! A bela Ofélia se aproxima...! Ninfa, em tuas orações sejam todos os meus pecados lembrados..."
Apesar de ainda se tratar de um dilema, Hamlet já irá reiniciar sua farsa, e terá de o fazer com a amada, e sofre intensamente por isto.
Isto é uma questão particular amorosa exclusiva dele, e não um dilema existencial a priori. Se fosse o velho Polônio quem viesse, não existiria angústia.
Por isto se vê que a alternativa D já começa errada pelo conceito: não existe dilema existencial, mas sim, sofrimento amoroso.
Ponto.
Segundo ponto é que não se pode tomar flor em seu sentido literal para neve nesta parte do soneto:
- Flor está sendo usada em sentido conotativo, não literal.
E por fim, o terceiro ponto é que não é possível imaginar qualquer alívio vindo da situação que remete à ela ⇒mesmo porque, o dilema existencial não existe.
Estrofe 4
- Em redor do teu vulto é como um véu! - Véu no vulto praticamente desenha uma imagem sombria, fantasmagórica, de uma noiva desolada, recuperando o nupcial de "cai nupcial a neve..."
- Quem as esparze — quanta flor! —, do céu,
- Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
No construção semântica do soneto percebe-se que há várias alusões ao antes e ao depois, sempre referindo-se a uma transformação que ocorreu depois de um possível casamento.
Só não fica muito claro, como é característico do Simbolismo, há quanto tempo foi ele, mas é claro no soneto que foi há pouco na visão do eu-lírico, como se vê no início da segunda estrofe.
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