quantas pessoas se suicidaram entre 2005 e 2015 para cada 100mil habitantes ?
Soluções para a tarefa
O movimento mundial “Setembro Amarelo” – mês de prevenção ao suicídio – é uma campanha de conscientização sobre a prevenção
do suicídio, com o objetivo de alertar a sociedade sobre os dados reais do suicídio e as formas de prevenção e enfrentamento. O projeto foi
iniciado no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria),
sendo as primeiras atividades realizadas no ano de 2014, concentradas principalmente em Brasília, tendo maior amplitude nacional a partir do
ano de 2015.
O suicídio é considerado um problema de saúde pública. Segundo dados do CVV, a cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo,
totalizando quase um milhão de pessoas todos os anos. No Brasil, em média, uma pessoa se mata a cada 47 minutos. Apesar de números tão
alarmantes, o assunto ainda é tratado como tabu e necessita ser desmistificado.
Nos países em que grande parte da população está em situação de vulnerabilidade econômica e social é onde se verifica uma
concentração maior de índices de suicídio (CFP, 2013), isso inclui o Brasil, país com uma demarcação histórica de desigualdade social.
Diante do exposto, é preponderante destacar que a pobreza se configura como um fator de risco para práticas suicidas, ademais, estes
locais estão relativamente menos equipados para prevenir o suicídio, pois estão pouco capacitados para acompanhar a demanda crescente
que vai da assistência à saúde, em geral, até a assistência especializada em saúde mental. Além disso, os serviços são escassos e, quando
existem, são de difícil acesso e contam com poucos investimentos econômicos, ocasionando assim uma carência de políticas em saúde
adequadas e efetivas para tratar tal fenômeno.
A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), na perspectiva de fortalecer a campanha “Setembro Amarelo”, adotou a
estratégia de divulgar os dados coletados pela entidade acerca dos casos de suicídio existentes no Brasil. O intuito é chamar a atenção para
uma situação que retira a vida de milhões de pessoas em todo mundo e que pode ser evitada, bem como lançar luz para a necessidade de
investimentos em políticas que trabalhem com a concepção de prevenção ao suicídio.
SUICÍDIOS NO CONTEXTO DAS MORTES VIOLENTAS
De acordo com os dados catalogados é nítido o aumento do número de suicídios no Brasil (30,7%) entre os anos de 2005 a 2015, com
um crescimento de 19,6% da taxa de suicídios (saltando de 4,6 para 5,5 casos por cem mil habitantes – gráfico 6).
No Brasil, as mortes por suicídio representaram 7,3% do total de mortes violentas por causas externas em 2015, sendo o 4º maior motivo
de mortes prematuras no país, totalizando 11.178 mortes, ou cerca de 30 mortes por dia (gráfico 1). Há uma complexa distribuição regional dos
casos, com as maiores taxas correspondendo aos estados de Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Piauí (todos
acima de 8,0 casos por cem mil pessoas – gráfico 5).
Em dez unidades da Federação, houve estabilidade ou mesmo queda da taxa de suicídios (tabela 1), com destaque para a redução das
taxas no Mato Grosso (-16,7%) e no Rio Grande do Norte (-15,1%). No Distrito Federal, houve uma pequena oscilação (+2,1%), combinada ao
aumento numérico dos casos (+28,6%), relacionada ao crescimento populacional (gráfico 11).
Já um conjunto intermediário de doze estados apresentaram um expressivo crescimento da taxa de suicídios entre 14% e 50%. Contudo,
os dados mais alarmantes são relativos a cinco unidades da Federação com aumentos acima de 66%, encabeçados pelos estados do
Amazonas (aumento de 139,3%) e do Maranhão (127,8%), seguidos da Paraíba (93,1%), do Acre (75%) e do Piauí (66,7%).
No Maranhão, em 2015, o número de suicídios representou 5,3% do total de mortes violentas por causas externas, porém esse número
vem se ampliando (gráfico 2), somente no mês de agosto de 2017 foram registrados 07 casos de suicídio na grande São Luís. Os dados
referentes ao município de Caxias também merecem atenção, foram 18 casos de suicídio no município desde janeiro de 2017.
No decênio analisado, o aumento do número de suicídios no Maranhão foi de 155%, fazendo com que a taxa pulasse de 1,8 em 2005
(a menor do país) para 4,1 mortes por cem mil habitantes em 2015, um crescimento já citado de 127,8%. Entre os jovens, a taxa de suicídios
cresceu mais de 200%, saltando de 1,8 para 5,5 (gráfico 9).
Estes dados demonstram a necessidade urgente de colocar esta temática em destaque e tratá-la definitivamente como uma questão de
saúde pública. É fundamental divulgar entre a população os espaços que trabalham com o auxílio às pessoas que estão em sofrimento psíquico
e pressionar os órgãos públicos a investir nas redes de atenção psicossocial, focadas na prevenção ao suicídio.