quantas foram as viagens de colombo á América e quando ocorreram?
Soluções para a tarefa
Os escritos de
Colombo e sobre Colombo abrem uma porta para a reflexão sobre o significado da
experiência e da imaginação nos séculos XV e XVI. Este grande navegador
elaborou uma hipótese, a de que a terra era redonda, e a partir dela
experimentou navegar para o Ocidente, querendo chegar ao Oriente. Um grande
gesto, fruto da imaginação e da experiência, o imortalizou, especialmente
quando sua hipótese foi comprovada através de uma viagem de circunavegação(2).
Embora a América não fosse as Índias, a Terra é, de fato, redonda. Portanto,
Colombo tinha razão ao propor, para todos aqueles que estavam interessados em
realizar o comércio com o Oriente, esta viagem.
Este é um lado da história bastante conhecido e que
podemos comprovar, fornecendo informações seguras para todos aqueles que
desejam analisar a empresa colonial. A montagem de uma economia mundial(3)
realizada em grande parte por Portugal e Espanha, financiada por capitais
muitas vezes oriundos de outros reinos ou cidades, transformou profundamente as
formas de vida na América. Caminhando por esta vertente historiográfica,
tenderemos a construir a nossa personagem Colombo como um homem moderno. Mas,
teriam sido o reconhecimento e a colonização da América marcados basicamente
pelo pensamento moderno ?
Experiência e Imaginação - Todas estas proposições,
descritas e interpretadas em seqüência, são verdadeiras, e representam, de
fato, parte do que ocorreu. Mas, ao mesmo tempo, embora sejam colocações claras
e objetivas, não dão conta nem da personagem nem da natureza das transformações
ocorridas tanto na América como na Europa. Análises marcadas pelo pensamento
moderno excluem partes da história, não aquelas partes que se referem às experiências
comprovadas mas, aquelas outras que compõem o imaginário cristão e pagão que
foram o instrumento básico no convívio entre os indígenas e os europeus na
Idade Média. A comunicação entre indígenas e europeus, realizada através de
gestos, língua, ou ainda, da fabricação de objetos de cultura, cristalizaram o
universo cultural americano, à medida em que ambos eram fragmentados.
Nesse sentido, deveremos percorrer tanto o universo
marcado pela imaginação quanto aquele outro que sábios e filósofos da época
denominaram, as razões das descobertas. Assim, procuraremos analisar as formas
de convívio interculturais estabelecidas na América. Ao abandonarmos, portanto,
a convenção da veracidade, como único objeto de estudo do historiador,
poderemos fundir relato histórico e relato literário. Tomemos um exemplo, para
esclarecer esta proposta:
Dom Hernando se refere com muita clareza em seu
livro, a Vida Del Almirante, às razões que moveram Colombo crer que poderia
descobrir as Índias:
A américa através do imaginário europeu - A
descoberta da América, realizada por Colombo, é um tema que deu origem a muita
polêmica. A mais conhecida e difundida nestes anos que precedem as comemorações
dizem respeito ao fato de que a América não necessitava dos europeus para existir.
E, nesse sentido, nada se tem a comemorar. A América encontrada, achada por
Colombo, em meio a "mares nunca dantes navegados"(10), incorporou-se
ao imaginário europeu com uma série de atributos que já haviam sido delegados a
ela muito antes de ser descoberta. Ou seja, a América já fazia parte do
imaginário europeu, representando para Colombo apenas a comprovação de tudo o
que havia sido produzido pela sua imaginação e pela imaginação de seus
contemporâneos.
Nesse sentido, todos os documentos que se cruzam em
torno do nome Cristóvão Colombo representam a possibilidade de navegarmos em um
universo plural do qual fazem parte, igualmente, os sonhos irrealizados de
Colombo e as façanhas que ele desempenhou, e que, por contingências
histórico-institucionais, mantiveram-se na memória por terem sido registradas
por escrito.
A América surgiu primeiro pelo gosto, pelo prazer de
narrar, de expor os fatos com sutis matizes, capazes de restaurar o imaginário
do interlocutor, despertando nele o interesse pela aventura, pelo maravilhoso,
pelo conhecimento do desconhecido.
A primeira roupa com que a América se travestiu, aos
olhos do europeu, foi dada por Colombo através da palavra Índias. Colombo
pensou ter chegado às Índias, e, portanto, tudo o que viu correspondia a um
indício capaz de comprovar sua hipótese. A. Gerbi nos lembra como Colombo se
esquiva de analisar a flora americana, pois não podia identificá-la com a flora
das Índias ou das Molucas. Sem se preocupar com as diferenças, Colombo se
utiliza deste mesmo espaço criado por elas (pelas diferenças) para se lançar à
recriação de tudo aquilo que ele pretendia encontrar. O seu imaginário era
regido por inúmeras informações, trazidas por viajantes (como Marco Polo, por
exemplo) que gostavam de contar suas façanhas, sem que os interlocutores
estivessem interessados em pedir provas. O prazer de produzir uma narração de
acordo com as suas expectativas, construídas bem antes da viagem, era superior
à sua capa