Saúde, perguntado por Ssantoos, 4 meses atrás

Quando o rim é analisado em corte histológico perfeitamente é possível observar a presença de milhões de néfrons, que são pequenas unidades funcionais dos rins. Este sistema frequentemente está associado apenas à ideia de filtração de impurezas, e por isso, erroneamente, pode ser considerado apenas um aparelho meramente excretor. Para se ter ideia da importância desses órgãos para a homeostase basta dizer que ambos os rins, apesar de representarem apenas 0,4% do peso corporal, recebem cerca de 20% do débito cardíaco. Em virtude de sua abundante vascularização e também pelo fato de serem uma interface entre o sangue (meio interno) e a urina (eliminada para o meio externo), a evolução deu aos rins importantes funções. Em relação a esse sistema, responda:

a)Que funções podem ser atribuídas aos rins? (Cite pelo menos duas dessas funções)

b)Por que em situação fisiológica não ocorre glicosúria (perda de glicose na urina)?

Soluções para a tarefa

Respondido por ShinyComet
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De acordo com as explicações abaixo, as respostas são:

a) Os rins realizam várias funções, entre elas: a filtração sanguínea, a reabsorção de água e outros compostos, o controlo da pressão arterial, a regulação da produção de eritrócitos e a produção de Glicose.

b) Em situação fisiológica, isto é, na ausência de um estado patológico, os transportadores de Glicose por simporte de Sódio (SGLT-1 e SGLT-2) dos rins, localizados no túbulo contronado proximal, reabsorvem a Glicose do filtrado, sendo esta devolvida à corrente sanguínea por transportadores de Glicose (GLUT-1 e GLUT-2).

Vamos entender o porquê?

a)

Os rins são dois órgãos em forma de feijão cuja principal função é a filtração do sangue, removendo deste os compostos tóxicos ou os eletrólitos e água em excesso, sendo o principal órgão do Sistema Urinário.

Esta função deve-se às suas unidades funcionais — os nefrónios — que possuem vários tipos de transportadores que permitem a filtração, secreção e reabsorção de vários compostos químicos, desde aminoácidos a mono- e oligossacarídeos, passando pela água e pelos iões.

No entanto, estes órgãos fazem muito mais do que isto como, por exemplo:

  • A reabsorção de água, mediada pela ADH (Vasopressina ou Hormona Antidiurética)
    Esta hormona aumenta a permeabilidade do Túbulo Contornado Distal e do Tubo Coletor, por aumento da expressão de Aquaporinas na membrana apical das células que os constituem.
  • A manutenção da pressão arterial, pelo eixo Renina-Angiotensina-Aldosterona.
    Quando a pressão arterial baixa, o rim liberta Renina, que metaboliza o Angiotensinogénio em Angiotensina I e noutros peptídeos. Esta Angiotensina I é então convertida em Angiotensina II pela Enzima Conversora da Angiotensina (ECA), e atua na parede muscular das arteríolas, causando a sua contração e consequente aumento da pressão arterial. Por outro lado, a Angiotensina II promove a libertação de Aldosterona pelas glândulas suprarrenais. Esta hormona vai promover a excreção renal de Potássio e, juntamente com a Vasopressina, promover a retenção de Sódio que, por sua vez, aumenta a retenção de água e consequente aumento da pressão arterial.
  • O controlo da eritropoiese (produção de eritrócitos).
    Apesar dos glóbulos vermelhos serem produzidos na medula óssea, a sua produção e maturação é mediada pela Eritropoetina (EPO), uma hormona produzida a nível renal, pelas células justaglomerulares.
    Em situação de anemia, hipoxia (níveis baixos de Oxigénio) ou quando os níveis de Androgénios estão elevados, estas células produzem EPO, de forma a promover a produção de eritrócitos, de forma a corrigir estas situações.
  • Produção de Glicose pela via da gliconeogénese (ou neoglicogénese).
    O córtex renal é capaz de realizar a gliconeogénese, um processo no qual o Lactato, o Glicerol e alguns aminoácidos, como a Alanina, são transformado em Glicose, que será usada como fonte de energia. Em termo gerais, estes compostos são transformados em Piruvato, que é depois convertido a Fosfoenolpiruvato (PEP), entrando num conjunto de reações inversas à da glicólise, de forma a originar Glicose.

b)

Como vimos no final da resposta anterior, a Glicose é uma importante fonte de energia celular, havendo tecidos que apenas conseguem a sua energia a partir da sua degradação.

Desta forma, seria impensável que o nosso corpo perdesse na urina grandes quantidades deste composto, uma vez que seria um desperdício de um dos compostos mais importantes para a nossa sobrevivência.

Desta forma, existem dois tipos de co-transportadores de Glicose e Sódio na membrana apical das células do Túbulo Contornado Proximal (TCP) dos nefrónios.

Estes transportadores funcionam por simporte dos dois composto para o interior das células tubulares, e são chamados de Co-transportadores de Sódio-Glicose do tipo 1 e do tipo 2 (SGLT-1 e SGLT-2).

Na porção inicial do TCP, são expressos os SGLT-2, que possuem uma baixa afinidade para a Glicose, compensada pela grande capacidade do seu transporte, resultando em 90% a 95% da sua reabsorção.

Já na porção terminal do TCP, são expressos os SGLT-1, que possuem uma elevada afinidade para a Glicose, mas com uma baixa capacidade do seu transporte, sendo a sua função captar a Glicose vestigial que tenha escapado aos SGLT-2.

A Glicose passa, então, das células tubulares para a corrente sanguínea através de transportadores de Glicose na sua membrana basolateral, mais especificamente, os Transportadores de Glicose tipo 1 e tipo 2 (GLUT-1 e GLUT-2).

As suas diferenças são semelhantes às dos SGLT, consistindo em variações de afinidade e capacidade de transporte, sendo os GLUT-2 expressos na porção inicial do TCP e os GLUT-1 na porção terminal.

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