Quando na passagem do tempo perdido
Vejo descritos os belos ramos,
E a beleza emprestar seus dons à velha rima,
Ao elogiar as damas mortas e os belos cavaleiros,
Então, no brasão da melhor doçura da beleza,
Da mão, dos pés, dos lábios, dos olhos, da fronte,
Vejo que sua antiga pluma teria expressado
Mesmo tal beleza como teu senhor agora.
Então, todos os elogios não são senão profecias
Deste nosso tempo, tudo que pressagias,
E, mesmo vendo com olhos de adivinho,
Não tinham talento suficiente para cantar os teus dons;
Pois nós, que hoje aqui estamos, e vemos,
Temos olhos para sonhar, mas não línguas para louvar.
1-Qual é o assunto do poema?
2-Qual é a imagem de mulher apresentada no poema?Essa imagem determina o sentimento do eu lírico em relação à sua amada? Por quê?
3- Como podem ser interpretados os versos 'Vejo que sua antiga pluma teria expressado/ mesmo tal beleza como teu senhor agora?
4-Como poderia ser caracterizado o tipo de amor que essa mulher desperta no eu lírico? De que forma a manifestação desse amor indica a filiação do soneto de Shakespeare ao classicismo?
Soluções para a tarefa
O poema apresentado é o Soneto 106, de William Shakespeare.
1. O poema trata dos textos escritos por mongens no passado que falavam sobre a beleza e a coragem dos jovens que ainda estavam por nascer, como uma espécie de profecia. O eu lírico afirma que, apesar das profecias descritas estarem corretas, as palavras não faziam jus à tamanha beleza da mulher a quem o poema se destina.
2. A imagem da mulher é uma imagem idealizada, já que sua beleza é tão grande que as palavras não podem descrevê-la com precisão. Podemos concluir que o eu lírico ama e admira esta mulher, tendo em vista a defesa de tal beleza indescritível.
3. Podemos dizer que o eu lírico afirma que as profecias, os escritos dos monges, descreveriam sua amada da mesma maneira caso a vissem, já que ela é bela como a profecia pregava.
4. O amor demonstrado no poema pode ser descrito como platônico, característico do Classicismo. É um amor não realizado, extremamente idealizado, que nem "línguas podem louvar", apenas admirar.
1. Vemos na poesia, elementos caracterizados pelos monges do passado, que entendiam o mundo a partir de fatores sublimes, como a natureza e as coisas ao nosso redor.
A forma como esses monges são apresentados, (onde temos o Eu lírico) fortalece a ideia das profecias descritas, sobre os jovens que ainda nasceriam, mas teriam coragem e beleza, (interior) porém, mesmo a maior das profecias não podia expressar a beleza da mulher idealizada.
Como o Eu lírico se apresenta na obra?
O Eu lírico é a voz que elucida a poesia, e, a partir dele, nós, enquanto receptores do conteúdo, podemos entender suas sensações, desejos, vontades, frustrações, que são elencadas pelo autor justamente com o intuito de despertar sentimentos e sensações.
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2 - Analisando a imagem, ou melhor, a beleza, como algo maior, que não podia ser descrito com precisão, já que o Eu lírico, passa por sensações, sentimentos e a admiração a partir da beleza indescritível, como parte desse processo estético.
Como notamos a beleza estética?
Experienciar a beleza, é um prazer está ligado a estética, e, não somente aos valores morais e éticos interiores que todos nós temos, dando assim, talvez uma atenção menos profunda ao que realmente pode ser explorado.
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3. Notamos que o Eu lírico afirmava que as profecias, além dos monges, que apesar de descreverem a amada, como algo que a profecia pregava, esse olhar para a beleza da mulher amada.
Como essa visão se conecta com a beleza estética?
A beleza estética, geralmente está relacionada com a perspectiva de um ser humano sobre o mundo ao seu redor, e, como sua beleza é completa em relação ao todo.
Por fim, o trecho: "vendo com os olhos de adivinho, não tinha talento suficiente para cantar os teus dons, pois nós, que hoje aqui estamos e vemos..." como um olhar para explicar as falhas desse personagem.
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4. Essa base se apresenta a partir de um olhar platônico, caracterizado a partir do Classicismo, como um olhar literário.
Como notamos o Classicismo?
Uma de suas características principais era a pureza formal das coisas assim como o equilíbrio natural. Além disso, podemos apresentar autores de grande importância como Luís de Camões, com uma literatura de referência em Os Lusíadas.
Por fim, o classicismo utilizou o resgate ao mundo antigo, trazendo elementos da antiguidade como um padrão a ser evidenciado.
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