Quando eu chegar ao Céu!
Quando eu chegar ao Céu, de manhã, de tarde ou de noite, não sei ainda, pedirei para ir à biblioteca, onde curiosamente bisbilhotarei – com respeito – algumas obras. Quero reler a Invenção de Orfeu, de nosso Jorge de Lima, sofredor, telúrico1 e místico, homem bom, cirenaico2, assim lhe chamou Rachel de Queiróz, quando ele morreu, novembro, 15, do ano de 1953. E pedirei, sim, para conversar com Manu, Manuel Bandeira, que se chamava Neném. Matarei saudades do dentuço Manuel, que foi o melhor ser humano que conheci, neste mundo. E gostaria de conhecer Chiquita do Rio Negro, que recusou casar-se com Ataulfo Nápoles de Paiva, conviva do baile da Ilha Fiscal. Escrevi sobre Chiquita. Li a sua biografia, escrita por Garrigou-Lagrange. Meu Deus, convocaria Jaime Ovalle, o tio Nhonhô, que morreu com a idade de Jorge de Lima. Ali, na biblioteca do Céu, conheceria o estupendo Ovalle, o do Azulão [...], o amigo de Manuel, íntimo de Londres e de Nova York.Por fim, suplicaria para falar com João Guimarães Rosa, poliglota, com quem tão poucas vezes falei. E evocaria a posse do seu sucessor, na Casa de Machado. Esqueci-me completamente dessa posse, ai de mim. E fui. Lá estava eu, 1968. Um ano depois da morte de Rosa. Mário Palmério falou sobre ele, como seu herdeiro. E gostei tanto do discurso, equilibrado, lúcido, original. Se me lembro. Foi procurar cartas íntimas de Rosa para grande amigo, médico e fazendeiro em Minas, Moreira Barbosa. Cartas de outrora. Deliciosas, fraternais, confiantes, de pura entrega. Reveladoras do ser complexíssimo, fechado, carente, que gostava de disfarçar, despistar, ir e vir, comensal3 do mistério. Saudarei a uns e outros na largueza dadivosa do Céu, turbilhão de amor, como dizia o insaciável Léon Bloy.*Vocabulário:1Telúrico: relativo ao que pertence à Terra.2Cirenaico: relativo aos que entendem o prazer como fim principal da vida.3Comensal: alimentado de; nutrido de. De acordo com esse texto, o amigo de Manuel, íntimo de Londres e de Nova York, era *
A) Jorge de Lima.
B) Ataulfo Nápoles.
C) Jaime Ovalle.
D) Moreira Barbosa.
Soluções para a tarefa
O amigo de Manuel, íntimo de Londres e de Nova York, mencionado no texto, era Jaime Ovalle.
No trecho "Ali, na biblioteca do Céu, conheceria o estupendo Ovalle, o do Azulão [...], o amigo de Manuel, íntimo de Londres e de Nova York.", identificamos o sobrenome "Ovalle", que ao consultarmos as opções disponíveis, encontramos o nome "Jaime Ovalle".
O texto menciona diversos escritos e personalidades que estão no céu e que são admirados pelo autor, por isso ele deseja reencontrar suas obras ao adentrar os portões do céu.
Compreendemos que o autor já leu essas obras, ou pelo menos tem conhecimento básico sobre elas e deseja conhece-las em profundidade.
Durante o texto além de mencionar esses autores, ele aponta curiosidades e fatos sobre suas vidas, como por exemplo quando o autor fala sobre Manuel Bandeira e seu apelido na intimidade, "Neném".
Espero ter ajudado!
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