História, perguntado por iurysds13, 11 meses atrás

Quando a varíola deixou de ser uma epidemia e passou a ser uma das primeiras pandemias da história?​

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Respondido por edygalvao17
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Resposta:

Explicação:A varíola teria surgido na Índia, sendo descrita na Ásia e na África desde antes da era cristã (McNeill, 1976). Sua presença constante e o medo que levava às populações geraram inúmeras lendas e cultos. Exemplos disso, são as divindades representando a doença, tanto na Índia como na África, esta última trazida para o Brasil e que se apresenta sempre com o rosto coberto, devido às cicatrizes causadas pela doença em seu rosto. Introduzida na Europa já na era cristã, a exemplo de outras doenças como a sífilis e a peste, a varíola atingia segmentos amplos da população, deixando um rastro de mortes, cegueira e cicatrizes irreversíveis.

Usada como arma biológica pelos exércitos de Cortez, no México, foi seguramente a principal responsável pela derrota dos astecas, que não possuíam qualquer imunidade contra a doença (McNeill, 1976). Ainda como arma biológica, foi utilizada por exércitos e colonizadores em suas lutas contra outras populações indígenas em várias regiões das Américas (Garrett, 1995).

No Brasil, a varíola foi referida pela primeira vez em 1563, na Ilha de Itaparica, na Bahia, disseminando-se para Salvador e causando grande número de casos e óbitos, principalmente entre os indígenas (MS, 1973a).

Passou à história, a prática milenar usada na Ásia e na África, de se infectar pessoas sadias que se queria imunizar contra a varíola, com material obtido de lesões de casos menos graves da doença, técnica denominada variolização, certamente com a ocorrência de casos graves em parte dos vacinados e a eventual transmissão de outras doenças.

No final do século XVIII, Edward Jenner, médico inglês, ao investigar em maior profundidade o fato de que ordenhadores, em contato com lesões de pele e úbere de bovinos, não se infectavam com a varíola ou apresentavam uma forma bem mais branda da doença, abriu uma nova perspectiva de controle da mesma. Com o material coletado dessas lesões, Jenner escarificava a pele de pessoas a quem desejava imunizar. A história registra o dia 14 de maio de 1796, no qual Jenner coletou material de uma lesão pustular nas mãos de uma ordenhadora de nome Sarah Nelmes e o inoculou na pele de James Phillips, vacinando-o contra a varíola (Fenner et al., 1989).

Apesar das críticas e receios com base em convicções religiosas e filosóficas, bem como a existência de efeitos colaterais, o medo da doença levou à rápida disseminação desta prática de infeção voluntária, desde o início do século XIX.

Amostras de vírus utilizadas para vacinação chegaram ao Brasil em torno de 1840, trazidas pelo Barão de Barbacena, sendo utilizadas principalmente na proteção de famílias nobres. Posteriormente, o cirurgião Barão de Pedro Afonso, criou um Instituto privado para o preparo de vacina anti-variólica no país, sendo mais tarde encarregado pelo governo de estabelecer o Instituto Municipal Soroterápico no Rio de Janeiro, posteriormente, Instituto Oswaldo Cruz (IOC).

Apesar de alguns sucessos isolados, vacinações mal organizadas nos países onde a varíola era endêmica e vacinas de qualidade duvidosa mantinham a doença nestas áreas como uma terrível realidade. Em 1958, a então União Soviética apresentou uma proposta à Organização Mundial da Saúde (OMS) em Genebra, no sentido de se estabelecer uma campanha internacional para a eliminação da varíola no mundo. Naquela ocasião, a varíola ainda ocorria em 33 países (Fenner et al., 1988; Garrett, 1995).

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