Filosofia, perguntado por lilyaan70, 1 ano atrás

qual relação entre racismo e poder?​

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Respondido por aquilesmaragao
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A presença do elemento racial nos processos de exclusão é uma discussão frequente no movimento social. Nos tempos atuais, de avalanche neoliberal, fica nítido o processo de extermínio praticado pelas classes dominantes, e isto ocorre devido à impossibilidade de o projeto capitalista incorporar ao estatuto da cidadania as populações marginalizadas. Vários documentos de instituições estratégicas, como por exemplo a CIA, a OTAN e até mesmo a brasileira Escola Superior de Guerra, apontam mecanismos de extermínio como necessários para consolidar a atual estrutura de poder.

Esta política de extermínio é a radicalização da “seleção natural” apregoada pelos teóricos liberais, entre eles Keynes, que disse em 1926:

“(…) os economistas têm pressuposto um estado de coisas no qual a distribuição ideal de recursos produtivos pode ser conseguida através de indivíduos que agem de maneira independente, pelo método de tentativa e erro, de tal maneira que os indivíduos que se movimentam na direção correta destruirão pela competição aqueles que se movimentam na direção errada. Isso implica que não deve haver clemência ou proteção para os que investem seu capital ou trabalho na direção errada.

Desenvolve-se uma luta cruel pela sobrevivência, que seleciona os mais deficientes através da falência dos menos eficientes. Não se leva em conta os custos da luta, mas apenas os lucros do resultado final que se supõe serem permanentes. Como o objetivo é colher as folhas dos galhos mais altos, a maneira mais provável de alcançá-lo é deixar que as girafas com os pescoços mais longos façam morrer à míngua as de pescoço mais curtos” (1).

Os últimos dados sobre a violência e miséria do Brasil comprovam o extermínio das populações excluídas do sistema. O neoliberalismo, no seu processo de consolidação, acirra os mecanismos de violência social e aponta para a necessidade de redução do contingente populacional. Especialmente nos países do chamado Terceiro Mundo, onde se concentram as populações não brancas.

Entretanto, o debate torna-se acirrado quando se coloca o elemento racial. Seria a questão racial mera ocasionalidade neste processo de extermínio? Ou, em outras palavras, o extermínio é dirigido às populações pobres, indistintamente da etnia, sendo os negros, em virtude de ocuparem a base da pirâmide social, os mais atingidos? Deste fato se depreende que a exclusão é social e não racial.

Em contrapartida considera-se que a exclusão – assim como todos os mecanismos de violência social – tem na raça o elemento-chave, sendo a questão social, de classe, sua subordinada.

Tal polarização é ainda mais acirrada entre as correntes revolucionárias, em consequência de o pensamento marxista não ter elaborado conceitualmente as dinâmicas das relações raciais. Isso tem levado muitas correntes de esquerda a pensarem a questão racial como mera manifestação da luta de classes do capitalismo, subordinando mecanicamente as relações raciais às relações de classe. As lacuna deixadas por tal concepção levaram a outro extremo, tão mecanicista quanto o primeiro: subordinar todas as relações sociais às relações de raça. Pretendemos, neste artigo, não colocar um ponto final neste debate, mas levantar algumas considerações e diretrizes para avançar na discussão e chegar a uma concepção que supere a lógica destes mecanicismos, que são totalmente opostos à teoria marxista, apesar de utilizarem seu palavreado.

Além do mais, ambas as concepções não conseguem explicar certos fenômenos, como a discriminação praticada contra negros que não pertencem à classe operária (como foi o caso da filha do governador Albuíno Azeredo, do Espírito Santo) ou a participação de negros (de origem proletária, inclusive) nos processos de repressão às populações periféricas.

Espero ter ajudado !!

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