Filosofia, perguntado por Analice14r, 11 meses atrás

qual o valor das ciencias para os dias de hoje ? texto de 10 linhas​

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Respondido por suelylauraebel
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Resposta:

Explicação:

Husserl, escrevendo na década de 30 do século passado, defendeu que as ciências estão em crise – não que os notáveis resultados teóricos e práticos das ciências estão em dúvida ou alcançando os limites de seu desenvolvimento, mas que a maneira pela qual as ciências estão sendo conduzidas envolvem "uma negligente renúncia das questões que são decisivas para uma humanidade genuína" (Husserl, 1970, p. 6). O "significado [das ciências] para a existência humana" (p. 5) – seu valor – não é nem compreendido e nem um tema de preocupação para aqueles que deliberam sobre como, e de acordo com quais prioridades, as ciências devem ser conduzidas.

Uma das fontes da crise, Husserl diagnostica, é a dissociação entre as ciências e o mundo da vida e, especificamente, "a substituição sub-reptícia, pelo mundo das idealidades fundado matematicamente, do único mundo real, o mundo que é dado atualmente pela percepção, mundo que sempre é experienciado ou experienciável – nosso mundo da vida cotidiano" (p. 48-9), isto é, "o mundo da vida pré e extra-científico, o qual contém em seu interior toda a vida atual, incluindo a vida científica do pensamento, e que alimenta [a intuição original] como origem de todas as construções técnicas de sentido" (p. 59). O "mundo das idealidades" exclui toda subjetividade humana e suas articulações não deixam lugar para categorias de valor: "a verdade científica, objetiva, é exclusivamente uma questão de estabelecer o que o mundo, tanto o mundo físico quanto o mundo humano, é de fato" (p. 6).

Essa substituição sub-reptícia do "único mundo real" pelo "mundo das idealidades" ocorre tanto para as pessoas comuns quanto para os praticantes da ciência: "a visão de mundo total do homem moderno (...) [se deixou] determinar pelas ciências positivas e se deixou cegar pela prosperidade que elas produziram" (p. 6). Por conseguinte, a capacidade de discussão dos valores foi em geral perdida na sociedade; e mesmo nas disciplinas histórico-humanas "todas as questões da razão e da desrazão do seu tema humano e de suas configurações culturais" (p. 6) são deixadas de lado. A crise das ciências, assim, contribui para uma crise social maior e causa um desarranjo moral no mundo da vida. Mais de oitenta anos depois, as crises referidas por Husserl – a científica e a social – se intensificaram, e algumas de suas dimensões inaparentes se tornaram manifestas.

Em publicações recentes (Lacey, 1999, 2006, 2008a, 2008b, 2008c, 2009, 2010), eu desenvolvi uma outra perspectiva acerca do lugar das ciências no mundo dos valores e da experiência vivida (no "mundo da vida"), acerca das crises atuais que as ciências e as sociedades democráticas confrontam, e acerca dos passos que precisam ser dados para superá-las. Embora os focos imediatos de minha atenção, orientação e terminologia sejam bem diferentes daqueles de Husserl, de muitos modos os argumentos que eu proponho ecoam os seus. Neste artigo, entretanto, eu não explorarei explicitamente essas ressonâncias, e me contentarei em oferecer uma visão e clarificação gerais da minha perspectiva sobre o lugar da ciência no mundo dos valores e da experiência humana – e em indicar áreas em que reflexões adicionais são exigidas.

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