qual o segredo do convivio fraterno entre as pessoas de diferentes culturas?
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Resposta:
Conviver não é simplesmente viver com alguém, lado a lado. Não é uma simples aceitação do outro. Mas, no meu entender, conviver significa entrelaçar culturas, dividir formas diversas de pensar, de ser, de agir, de crer, de perceber e encarar a própria vida, para criar, a partir deste convívio, algo diferente e novo em mim mesma e no outro.
Assim, o conviver com o outro - que nós muitas vezes chamamos "diferente"- nos faz sair do mundo individual e social a que estamos acostumados e abre diante de nós um universo a ser explorado e vivido. A diversidade torna-se pouco a pouco um valor, transforma-se em riqueza e faz saborear a vida numa amplitude mais profunda. A diversidade é uma realidade no convívio humano, em particular, no espaço da migração. Esta, quando aceita, torna-se fonte de mudança e riqueza, e quando rejeitada, torna-se razão de medo, agressividade e discriminação.
João Paulo II, em seu discurso na Assembleia da ONU, a 5 de Outubro de 1995 dizia a respeito da diversidade cultural:
Querer ignorar a realidade da diversidade – ou pior ainda, tratar de anulá-la - significa excluir a possibilidade de explorar as profundidades do mistério da vida humana. A verdade sobre o homem é o critério imutável com o qual todas as culturas são julgadas, mas cada cultura tem algo a ensinar acerca de uma ou outra dimensão daquela complexa verdade. Portanto, a diferença que alguns consideram tão ameaçadora poderá ser, mediante um diálogo respeitoso, a fonte de uma compreensão mais profunda do mistério da existência humana.
Na realidade, a missão junto ao migrante tem a ver com a diversidade e a alteridade. Sem opção profunda pelo outro, seja à nível pessoal como Institucional, a missão a nós confiada tornar-se-á infrutífera. Esta opção esclarecerá os passos para uma ação pastoral eficaz. A ação pastoral impregnada de amor e compaixão - daquela compaixão que Jesus sentiu pelas multidões, pois "eram como ovelhas sem Pastor" (Mt 9, 36), será a mola propulsora do agir..
Não é possível fazer uma descrição de pratica única na Pastoral junto ao migrante. O contexto histórico-político-social do país de origem e de acolhimento, bem como a caminhada da Igreja local devem estar entre as variáveis a serem consideradas. O conhecimento dos documentos oficiais da Igreja, de Eclesiologia, o percurso migratório com as principais causas e consequências, aspectos socioculturais dos grupos migrantes são outros aspetos relevantes. Portanto, é preciso ouvir e conhecer antes de emanar julgamentos e ações.
Da minha experiência pessoal junto às comunidades migrantes na Europa e por pouco tempo na Angola, África, constato situações diversas que devem receber também uma análise e prática diversa. A seguir, a síntese da realidade e a prática pastoral como eu a percebo.
A realidade vivida na Europa pelos migrantes é diferente daquela na África. No velho continente, a situação migratória não é mais, em sua grande maioria, de emergência ou de absoluta necessidade material. O impacto sofrido pelos imigrantes e pela sociedade autóctone é mais cultural, religioso e político com suas consequências, muitas vezes, de discriminação. Ali a migração mexe com o jeito de ser da sociedade e da própria Igreja no sentido de provocar uma abertura de mentalidade, de estrutura e de partilha. A comunidade cristã na Europa é chamada a assumir e viver a solidariedade e a interculturalidade. Nossa missão como missionárias é de promover a vivência da verdadeira comunhão entre povos e culturas diversas. O fato de que a paróquia seja um "espaço também meu" exige uma longa caminhada de integração e de fé e a compreensão de que "não há mais grego, nem judeu... É o caminho da comunhão compreendido no seu todo. E numa expressão de João Paulo II, a diversidade é o caminho de "fecundação" de uma nova forma de ser.
ESPERO TER AJUDADO FIQUE COM DEUS E ATÉ A PROXIMA