Sociologia, perguntado por Kaahjapa3205, 10 meses atrás

Qual o percentual de brasileiros com sangue africano?

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Respondido por daphnypollyanna
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Resposta:

Que eu saiba não há estudos que demonstrem exatamente isso, mas apenas o porcentual médio de ancestralidade africana em pessoas brasileiras de regiões diversas. Vamos ter então que especular, mas um especular bem informado.

Com base nos referidos estudos, podemos determinar que a ancestralidade africana está presente em níveis razoáveis (ao menos cerca de 10%) de Norte a Sul do país. Ela, no entanto, está mais presente justamente nas duas regiões mais populosas do país, o Nordeste e o Sudeste (juntas abarcando 70% dos brasileiros), variando conforme o estudo, mas sempre em torno de 25% no Nordeste e 20% no Sudeste. Em termos de DNA mitocondrial, que permite avaliar as linhagens maternas duma pessoa, a contribuição das mulheres africanas no Brasil foi de 28% segundo uma pesquisa de 2000.

Já vi alguns resultados de testes no DNA autossômico (o que melhor revela a diversidade de origens genéticas duma pessoa) de pessoas brasileiras, e um dado interessante é que os que se declaravam brancos de fato tinham uma vasta predominância de DNA europeu (80% a 90%), mas na maioria dos casos eles tinham sempre alguma contribuição genética de africanos e/ou ameríndios.

Por outro lado, já foram feitos em pessoas brasileiras autodeclaradas pretas, e as conclusões foram ainda mais surpreendentes: dentre os avaliados, os pretos brasileiros, longe de serem avassaladoramente de origem africana, tinham em média 42% de DNA europeu e ameríndio (mesmo nos EUA, com toda sua tradição de segregação racial e Leis Jim Crow, os negros carregam cerca de 15% a 25% de DNA não-africano). O contrário também é verdade: os autodeclarados brancos no Brasil tinham, em média, 34% de DNA africano e ameríndio.

Em mais um , confirma-se que os pretos brasileiros são muito miscigenados (neste grupo de negros do Sudeste, 50,3% da sua ancestralidade não era africana!), mas que também os brancos (que dirá então a pluralidade parda do Brasil!) têm bastante contribuição genética não europeia, incluindo valores entre 9% (Sul) e 16% Minas Gerais) de ancestralidade africana.

Obviamente, como os pretos são oficialmente 10% da população brasileira e só são em média uns 50% a 60% africanos, porém a média do povo brasileiro possui quase 20% de DNA africano, basta uma simples regra de 3 para concluirmos que os “não pretos” do Brasil têm pelo menos 15% de DNA africano. Obviamente uns terão 50%, outros 20%, outros 2%, outros nada. Os pardos, que são 45% dos brasileiros, possuem sem dúvidas percentuais em geral mais altos.

Este é bastante interessante, porque demonstra que, do Nordeste (Fortaleza) até ao Sul (Porto Alegre), todos os 3 grupos (brancos, pardos e negros) são muito miscigenados, e há ancestralidade africana perceptível (no mínimo 5%) em todos eles, mesmo quando bem minoritária.

Contudo, considerando a proporção apreciável de herança genética africana, a comprovada miscigenação em todos os grupos raciais, a distribuição da população no território, o movimento intenso de urbanização e migração interna nas últimas décadas e a história social e genética no passado do Brasil (a qual foi marcada por uma ausência de firme segregação entre raças e por imigrações europeias extremamente desequilibradas no tocante à composição por sexo, ou seja, muito mais homens do que mulheres), eu presumo que cerca de 80% a 90% da população brasileira têm pelo menos um pouco de ancestralidade africana acima de rastros negligenciáveis nos testes de DNA autossômico (mais que 1%, digamos).

Impossível determinar isso porque para uma resposta exata todos os brasileiros teriam que fazer um exame genético. Não basta ter a pele escura, cabelo encaracolado, etc. muitas pessoas não apresentam essas características e geneticamente tem raízes africanas. Eu, por exemplo, não tenho nenhuma característica física de um africano e nenhum parente conhecido vindo de lá, no entanto tenho 4,2% de componente genético africano, é o que mostra meu exame de DNA.

Segundo pesquisas genéticas todos os estados brasileiros têm população com genes africano. O valor é entre 15 a 20%. Obviamente filhos de pessoas de outros países que nasceram no Brasil não tem genes africanos. Como filhos de sírios, europeus, enfim. A afirmação todos os brasileiros têm pé na senzala que alguns brasileiros insistem é ridícula. Silvio Santos é filho de gregos, Michel Temer de libaneses. Etc…

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