qual o pensamento de monteiro lobado sobre a arte?
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Dois traços caracterizam Monteiro Lobato como pré-modernista: o regionalismo e a denúncia dos contrastes, mazelas e desigualdades na sociedade oligárquica brasileira da Primeira República. Como regionalista, ele nos mostra o Brasil rural, mais especificamente o do Vale do Paraíba, no interior do estado de São Paulo, do início do século XX, revelando, em tons satíricos, sentimentais, irônicos e patéticos seus costumes, sua gente e sua decadência, após o período áureo da economia cafeeira.
No conto Urupês [ver Antologia], parte da obra com o mesmo título, Lobato faz a caricatura do caboclo vagabundo e indolente, Jeca Tatu, que representa o homem típico das regiões interioranas brasileiras. É o caipira que, marginalizado social e historicamente, não tem direito à educação; é subnutrido e sujeito a todo tipo de doenças. Denuncia também o infortúnio de outro marginal brasileiro: o negro e a situação que este enfrenta após a abolição. Na sua prosa, onde já se anuncia o modernismo pelo estilo oral e uso de expressões típicas da fala sertaneja, nota-se a preocupação do autor em incorporar diferentes níveis de linguagem à literatura.
Preocupado com o desenvolvimento social e mental do povo, é um ávido divulgador da ciência e do progresso do mundo moderno. Se, por um lado, seu nacionalismo colocá-o na vanguarda do modernismo, a nota moralista, didática e doutrinária na sua prosa, por outro, afastá-o do modernismo de 22.
Enquanto ideologicamente é extremamente moderno, formalmente, preocupa-se com a objetividade da narração e o "vernaculismo camiliano" - preocupações formais de caráter naturalistas e parnasianas. Essa ambivalência moderno e antimoderno divide o pensamento e a arte de Lobato que, no plano puramente estético, assume posições antimodernistas, reveladas no seu artigo sobre a exposição de Anita Malfatti em 1917.
A inclinação para a militância nacionalista se acentua no decorrer de sua produção literária. Segundo Bosi, após as narrativas iniciais, seguiram-se "livros de ficção científica à Orwel e à Huxley de polêmica econômica e social" que desaguariam na sua literatura infantil, na qual se fundem o fantasioso e o pedagógico.
Em dezenas de livros, Lobato produziu uma vasta e original literatura infanto-juvenil, em que estão presentes o caráter moralista e doutrinário e sua luta pelos interesses da nação.
Num mundo de fantasia cria o sítio do Pica-pau Amarelo, onde a boneca Emília fala, pensa e age como gente grande e um sabugo de milho vira Visconde de Sabugosa. Nesse prolífero universo mágico, uma espécie de metáfora do Brasil, é narrado todo um ciclo de aventuras em que seus personagens representam, de certa forma, as várias facetas e problemas do povo brasileiro. Por exemplo, em O Poço do Visconde, ficção e realidade se misturam em torno do problema do petróleo brasileiro.