História, perguntado por lucilenefer867, 1 ano atrás

Qual foi o último imperador Romano a ser desporto e como era o estado de suas tropas?

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Respondido por 080518
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Os marcos históricos, ainda que criticados pelos historiadores, continuam referenciando estudos e o ensino de História. Há, também, um certo fascínio entre o público em estabelecer recordes históricos: o  primeiro rei, a primeira cidade,  o último império, quem inventou a escrita etc. O ano 476 d.C. faz parte desse cenário. Segundo a historiografia tradicional, foi neste ano que o Império Romano do Ocidente chegou ao fim com a deposição de Rômulo Augusto, o último imperador romano. Não se concebe, porém, um império que atingiu uma área de 4.400.000 km², com 56,8 milhões de pessoas, perdurou por cerca de quatro séculos, teve dezenas de deposições e assassinatos de imperadores tenha sido derrubado em um único dia, em 4 de setembro de 476. Tem, ainda, outro detalhe: o povo romano da época nem notou a “queda”, foi um acontecimento despercebido e o Império continuou vivo e assim permaneceu no pensamento ocidental por muito tempo (apud Veyne, 2009: 384). Marco histórico ou não, o que se passou no dia 4 de setembro de 476 é um caso exemplar da complexidade histórica daquele período e que deve ser analisado no contexto das migrações dos germanos nos séculos IV e V – período da chamada Antiguidade Tardia (o termo Baixo Império foi deixado de lado pelos historiadores e mesmo a ideia de “decadência”, tão presente nos textos cristãos contemporâneos, é usada com cautela pela moderna historiografia). Reavaliando as “invasões bárbaras” A imagem de  invasores violentos e destruidores atribuída aos povos germanos é um estereótipo presente nos livros didáticos e nas salas de aula do ensino básico. Outra distorção é generalizar povos de culturas totalmente diferentes e que passaram por transformações internas entre os séculos II e IV, assim como desconsiderar suas relações com o Império. Essa visão homogeneizadora e generalista já aparecia nos comentários de Tácito em sua obra Germânia do século I d.C. Sequer as chamadas “Grandes Invasões” foram, como o termo sugere, grandes e rápidos deslocamentos de populações guerreiras, mas sim múltiplos movimentos de natureza diferente, que levaram mais de um século com intervalos de paz e acomodação. Foram, em grande parte, incursões rápidas de saqueadores que penetravam em todo Império e depois retornavam com seus despojos. Às vezes, aconteciam imigrações definitivas de camponeses armados, com mulheres e crianças que vinham à procura de terra para cultivar e da proteção das tropas romanas. Mesmo a migração dos godos, em 376, e a penetração dos hunos, entre 400 e 410, foram revistas pelos historiadores. Os godos que entraram no império naquele ano não eram um grupo de saqueadores, mas uma multidão de fugitivos. Acreditou-se, por muito tempo que, eles haviam sido deslocados pelos hunos. Atualmente, pensa-se mais em razões econômicas, visto que os hunos perseguiam os godos para escravizá-los e obrigá-los a cultivar suas terras. Como todos os germanos que se infiltraram no Império, exceto dos vândalos, os godos não queriam se instalar como conquistadores, mas como “aliados” – o que de fato aconteceu em 382, quando Roma permitiu que se instalassem na Bulgária.


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