qual foi o movimento artístico que ironizou o mundo capitalista e seu modo de produção?
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Resposta:
Um dos efeitos mais notáveis da cooperação internacional baseada em livre associação econômica é o rápido desenvolvimento de alta tecnologia a preços acessíveis. Novíssimas invenções high-tech se tornam comicamente obsoletas em poucos anos. Em 2014, tempo suficiente se passou desde o princípio da popularização dos computadores pessoais para que certas máquinas e softwares, antigamente ubíquos em lares das massas, sejam hoje verdadeiras peças de museu.
Em memória recente, o computer-boom dos anos 90 hoje representa um aglomerado de iconografia ultrapassada. O fascínio de vinte anos atrás com a informatização da época produziu uma linguagem e uma identidade estética que, assim como o Windows 95, aparenta ser quase alienígena na perspectiva atual.
Visualmente focado em retrofuturismo, sonoramente baseado em sons de computador e músicas comercialmente mainstream de trinta a vinte anos atrás, o vaporwave gira em torno do fascínio cultural com os objetos de desejo dos consumidores de um passado recente.
O álbum VIRTUAL REALITY ’97 [PLATINUM EDITION] expande o conceito, brincando com o termo super corporativo “PLATINUM EDITION”, com o encanto futurista de “virtual reality”, com a presença japonesa no mercado de alta tecnologia (ライフMIDI é o nome que o autor inventou para assinar este projeto) e com a então recentemente desenvolvida técnica de gráficos 3D. A primeira faixa apresenta o ouvinte a uma voz robótica que orgulhosamente anuncia: “placing polygons… initializing aritifical intelligence…”.
ライフMIDI - VIRTUAL REALITY '97 「PLATINUM EDITION」 - cover
Obviamente, este é um gênero artístico cuja apresentação ocorre primariamente de forma pós-irônica. Mas as reações e interpretações acerca do vaporwave têm largamente caminhado para o debate político-cultural acerca do zeitgest dos anos noventa que descrevi acima. Alguns blogueiros e críticos afirmam que estes músicos devem ser entendidos como anti-capitalistas sarcásticos, revelando a pobreza da tecno-cultura moderna, sem alma, corporativa, fria e sem brilho nos olhos como uma animação 3D barata de 1997. Em uma discussão sobre o tema em fórum de música online, anônimo, um usuário diz que o vaporwave trabalha com a falsa e artificial “beleza” do passado e a distorce ainda mais do que era originalmente, apresentando-a como crítica. A análise anti-capitalista dessa arte sugere que músicos autênticos, devidamente almados, estão ironizando a mídia corporativa que satura o mercado com produções “excessivamente comerciais e enlatadas”.
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