Qual foi a participação do negro no primeiro sistema de abastecimento de água na cidade de curitiba?
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Resposta:
No início do século XIX tropeiros que cursavam a região da comarca de
Paranaguá e Curitiba descreveram como era a vila de Curitiba. Segundo Lima
(2001) eles destacaram que o predomínio da região era rural com pouca
movimentação sendo que esses agricultores iam a vila nos domingos e dias santos
para assistir as missas, possuindo então três igrejas; também, destacavam que as
casas em quantidade pequena eram predominantemente construídas de pedras,
tendo em seus quintais arvores tipicamente europeias como pessegueiros, ruas
largas e praça quadrada, ampla e arborizada. Os negros marcam nesta época a sua
presença na construção de edificações de pedras, na construção de ruas,
plantações e criações de gados.
Os negros passaram nesta cidade por lutas e resistências como em qualquer
outro lugar, porém o diferencial foi o conceito do negro cativo e livre. Estes não
aceitaram a condição de vida lhes imposta e passaram a alargar suas
potencialidades, demonstrando competência e transcendência, conforme descrição
de Silva Lara que questiona a coisificação do escravo:
Participar do próprio contrato de compra e venda, escolher seu senhor ou
recusar-se a realizar determinado trabalho eram ações e escolhas
efetivadas pelos escravos enquanto escravos, reconhecidas e aceitas pelos
senhores, que nos revelam o quanto a relação escravista era construída nos
confrontos e dinâmicas que envolviam cotidianamente senhores e cativos,
enquanto agentes dessas relações. (LIMA, 2001, pg. 12)
Documentos demonstram que as aquisições foram obtidas através
negociações, entre elas muitas cartas de alforrias. Os negros em Curitiba eram na
sua grande maioria crioulos1
, já que os escravos africanos eram poucos, além de
possuir pouca diferença no número de homens e mulheres que trabalhavam na
agricultura, cultura da erva mate, mando das tropas de mulas, e as mulheres
deixaram sua identidade culinária nos lares das senhoras brancas.
Horácio Gutiérrez (LIMA, 2001) apresenta dados indicando que os senhores
de escravos curitibanos possuíam planteis com menos de 5 escravos, mas uma elite
seleta possuía planteis parecidos com os senhores de engenhos baianos. Também
demonstra que os escravos contraiam união matrimonial, sendo fator importante
desses na sociedade diferindo dos escravos de outras regiões do país. Vale
destacar que a situação dos escravos era precária, desumana sem liberdade a uma
vida íntima, porém através de luta, acordo, ou obediência surgiram as suas
“autonomias”.
Podemos destacar a mentalidade proclamada que o escravo possuía um
trabalho braçal mais forte do homem branco, sinônimo do trabalho escravo pois os
brancos se recusavam a realizar tais tarefas, graças a isso houve uma busca pela
dignidade sonhada. Com essa característica os cativeiros se livraram do controle
senhorial sem abandonar o sistema escravista.
Explicação: