Qual era o tipo de trabalho empregado nas principais atividades econômicas ? (Metrópole)
Soluções para a tarefa
A necessidade de efetivar a posse definitiva da terra ameaçada por estrangeiros levou Portugal a iniciar a colonização do Brasil. Na óptica da política mercantilista, no entanto, a ocupação da terra exigia o estabelecimento de uma atividade econômica suficientemente lucrativa que atraísse os interesses de investidores e colonos e que gerasse dividendos para a metrópole.
Desse ponto de vista, a exploração do pau-brasil nas costas brasileiras, sozinha, não se ajustava às necessidades da Coroa portuguesa. Era necessário passar de uma fase de mera circulação de mercadorias (comércio afro-asiático) e de exploração predatória da madeira para uma fase de produção.Assim sendo, a ocupação econômica das terras americanas deveria se distinguir do modelo de exploração comercial levado a efeito pelos portugueses no império afro-indiano. Em busca da recuperação econômica, devido à crise do comércio indiano, o governo português tomou a iniciativa de efetivar a colonização de suas terras americanas com a instalação no Brasil de uma empresa açucareira. E nisto Portugal também foi pioneiro. O Brasil teria, portanto, uma colonização de base agrária que se iniciava dentro da estrutura monopolista do sistema colonial.
Do ponto de vista do produto explorado, a colonização brasileira, montada em base agrotropical, difere da colonização de base metalífera das colônias espanholas da América.
De qualquer maneira, tanto as colônias espanholas como a portuguesa na América tropical eram áreas econômicas periféricas cuja função seria a de complementar .a economia central, metropolitana.
Eram colônias de exploração. Isto as diferenciava das colônias de povoamento criadas pelos ingleses na América do Norte. Fatores determinantes do sucesso da empresa agroaçucareira
A escolha da empresa açucareira foi determinada por uma série de fatores. Primeiro, os portugueses já estavam habituados ao plantio da cana e à produção do açúcar desde o século XV, quando transformaram as recém-conquistadas ilhas atlânticas em centros açucareiros. Essa experiência possibilitou-lhes desenvolver o conhecimento sobre a produção do açúcar e o fabrico de equipamentos para os engenhos, provocando a queda de preço do produto, pois quebrou o monopólio veneziano na produção e comercialização do açúcar.
Por sua vez, o açúcar despontava, no início do século XVI, como uma mercadoria de alta aceitação nos mercados consumidores europeus. Crescia o consumo de um produto que já fora considerado de alto luxo e de tal maneira raro que chegara a figurar como dote nos casamentos de rainhas. Naquele momento já era intensa a comercialização com a região de flandres do açúcar português produzido na África.
Devido à ampliação do mercado consumidor, o açúcar tomou-se um produto altamente rentável e atraente para aqueles que pretendessem investir na instalação de engenhos no Brasil. O clima quente e úmido e o rico solo de massapê do litoral, especialmente em Pernambuco e na Bahia, tomaram o Nordeste a área por excelência para o cultivo da cana-de-açúcar.
Além disso, dada a rentabilidade da empresa açucareira, os holandeses investiram substancialmente seus capitais no financiamento da refinação, distribuição, importação da mão-de-obra escrava e, em especial, na instalação de engenhos no Brasil, o que lhes garantia maior porcentagem da renda gerada pela empresa açucareira brasileira. Pelo exposto fica claro que a alta rentabilidade do açúcar facilitou a aquisição de financiamentos portugueses ou estrangeiros para a montagem da empresa agromanufatureira do açúcar no Brasil. De resto, havia o problema da mão-de-obra.
Transportar para o Brasil uma quantidade de mão-de-obra livre compatível com as necessidades da empresa que se iniciava era demasiado caro e antieconômico. Além disso, havia escassez de mão-de-obra em Portugal. Portanto, o trabalho assalariado era inviável. E mesmo que fosse possível pagar salários, isto não estimularia a vinda de portugueses para a colônia.
Ora, como "... a produção se devia organizar de modo a possibilitar aos empresários metropolitanos ampla margem de lucratividade", impunha-se a utilização do trabalho obrigatório, isto é, da mão-de-obra escrava. "Sem embargo, também neste caso uma circunstância veio facilitar enormemente a solução do problema. Por essa época os portugueses eram já senhores de um completo conhecimento do mercado africano de escravos.
As operações de guerra para captura de negros pagãos, iniciadas quase um século antes (...), haviam evoluído num bem organizado e lucrativo escambo que abastecia cenas regiões da Europa de mão-de-obra escrava. Mediante recursos suficientes, seria possível ampliar esse negócio e organizar a transferência para a nova colônia agrícola da mão-de-obra barata, sem a qual ela seria economicamente inviável.’’