Qual era o principal reduto de fotógrafos da Vanguarda do Brasil?
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A fotografia não é a obra final de um único criador. Ao longo da história, diversas pessoas foram agregando conceitos e processos que deram origem à fotografia como a conhecemos. O mais antigo destes conceitos foi o da câmara escura, descrita pelo napolitano Giovanni Baptista Della Porta, já em 1558, e conhecida por Leonardo da Vinci[4] que, como outros artistas no século XVI, a usava para esboçar pinturas.
O cientista italiano Angelo Sala, em 1604, percebeu que um composto de prata escurecia ao Sol, supondo que esse efeito fosse produzido pelo calor. Foi então que Johann Heinrich Schulze, fazendo experiências com ácido nítrico, prata e gesso em 1724, determinou que era a prata halógena, convertida em prata metálica, e não o calor, que provocava o escurecimento.
O início da fotografia no Brasil não se pode esquecer do Imperador Dom Pedro II, que foi um fotógrafo apaixonado. O abade Louis Compte em 16 de janeiro de 1840 quando aportou no Rio de Janeiro fez uma demonstração a Dom Pedro II da daguerrotipia (fonte: Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, Rio de Janeiro). D. Pedro II, possivelmente tenha se tornado o primeiro fotógrafo com menos de 15 anos do Brasil, quando no mesmo ano de 1840 adquiriu um daguerreótipo, em Paris.
Augustus Morand , fotógrafo norte-americano (1815-1862), fez as primeiras fotos da família imperial do Brasil, isso ainda em 1840.
Alberto Henschel: Retratos de uma negra e um negro, c. 1870.
Novas tecnologias vieram, vinda por imigrantes radicados no Brasil, por exemplo o colódio úmido. Estúdios de retratistas se espalham pelas principais cidades brasileiras. O alemão Alberto Henschel abre escritórios em São Paulo, Recife, Salvador e Rio de Janeiro, tornando-se o primeiro grande empresário da fotografia brasileira. Nesse período, também se destacam Walter Hunnewell, que faz a primeira documentação fotográfica da Amazônia, Marc Ferrez, que produz imagens panorâmicas de paisagens brasileiras, e Militão Augusto de Azevedo, o primeiro a retratar sistematicamente a transformação urbana da cidade de São Paulo. E ainda Victor Frond, George Leuzinger, August Stahl e Felipe Fidanza .
Século XX
Na década de 1940, dá-se o ápice do Fotoclubismo, movimento que reunia pessoas interessadas na prática da fotografia como uma forma de expressão artística. Os primeiros fotoclubes surgem no início do século XX, mas somente a partir dos anos 1930 passam a ser decisivos na formação e no aperfeiçoamento técnico dos fotógrafos brasileiros.
•Principais fotoclubes: Photo Club Brasileiro, fundado no Rio de Janeiro em 1923, e o Foto Cine Clube Bandeirante, criado em São Paulo em 1939.
•Principais fotógrafos expoentes do fotoclubismo e alguns deles representantes do movimento moderno na fotografia: Thomas Farkas, José Oiticica Filho, Eduardo Salvatore, Stefan Rosenbauer, Chico Albuquerque, José Yalenti, Gregori Warchavchik (também arquiteto), Hermínia de Mello Nogueira Borges e Geraldo de Barros.
A partir do pioneirismo publicitário de Chico Albuquerque, que fez fotos para a primeira campanha publicitária usando a fotografia em 1948, despontam novos autores como Bob Wolfenson, Marcio Scavone, Claudio Elisabetsky, J.R. Duran e Miro.
Entre os anos 1940 a 50, conta com o início da fundação das Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (ARFOC) no Rio de Janeiro (1946), São Paulo (1948) e Minas Gerais (1950). O fotojornalismo é impulsionado pelas revistas O Cruzeiro e pelo Jornal do Brasil, que passam a dar destaque para a fotografia em suas páginas.
Assis Chateaubriand, diretor da revista O Cruzeiro, contrata Jean Manzon, transformando-a na mais importante do país.
Oriunda do fotojornalismo da revista Realidade (1966), Veja (1968) e do Jornal da Tarde (1966) surge outra leva de grandes fotógrafos, sendo os principais: Claudia Andujar, Geraldo Guimarães, Walter Firmo, George Love, David Zingg, Orlando Brito e Luigi Mamprim. Luís Humberto faz fotos irônicas sobre a situação do Brasil sob regime militar, apesar do controle da censura. Estes fotógrafos se tornaram ícones da década de 1960 e influenciaram fotógrafos como Orlando Azevedo, Paulo Leite, Ed Viggiani, João Noronha, Thiago Santana, José Bassit, André Cypriano, André Vilaron, expoentes do fotojornalismo.
Surgem na década de 1970 diversas oficinas e escolas de fotografia no país, como a Enfoco e a Imagem e Ação, em São Paulo, que impulsionam a fotografia de autor. Na falta de lugares especializados para exposições são criadas várias galerias, como a Fotóptica e a Álbum, e surgem grupos como o Photogaleria, no Rio de Janeiro e em São Paulo, com a intenção de inserir a fotografia no mercado de arte brasileiro.
Há ainda os trabalhos cuja proposta é a inserção da fotografia com a arte estabelecida e vice-versa, representados por Otto Stupakoff, Anna Bella Geiger, Antonio Saggese, Cássio Vasconcellos, Alex Flemming, Kenji Ota, Gal Oppido, Eustáquio Neves, Guy Veloso, Miguel Rio Branco, Flavya Mutran e Vik Muniz, entre outros.
Sebastião Salgado no Forum Social Mundial em 2003
Nos anos 1980, a fotografia brasileira torna-se conhecida no exterior por meio da participação em exposições internacionais e da publicação do trabalho de fotógrafos brasileiros em revistas estrangeiras. Entre os principais nomes do período estão Sebastião Salgado, Cristiano Mascaro, Mario Cravo Neto, Kenji Ota, Sergio Valle Duarte e Marcos Santilli.